sábado, 28 de fevereiro de 2015

BIBÍ (A CRIAÇÃO DE UM NOTÁVEL ARTISTA)


Ao notar a divulgação da programação do cinema divulgada através dos diversos blogues, imaginei como é difícil para os jovens de menos de 70 anos imaginarem uma vida sem os meios de comunicação de que dispomos atualmente.

Sem jornais diários regulares, sem revistas, sem emissoras de rádio, sem telefones e muito menos televisão, sem carros de som, enfim eram poucos os meios de divulgação além da tradição oral. Exigia-se muito engenho e arte para fazer chegar à população as notícias de interesse geral.

Os sínos das igrejas eram um bom recurso e bastante utilizado para anunciar a morte de alguém. Mediante a solicitação das famílias pesarosas, o sacristão começava a soar o “dobre de finados” (com características próprias) que despertava a curiosidade de todos para saber quem era o defunto.

Da mesma forma, eram utilizados para avisarem os horários da aproximação e do início das missas (por isso mesmo denominados de “CHAMADAS PRA MISSA”). Quando a cerimônia religiosa extrapolava a competência do vigário e exigia sua direção pelo próprio bispo, ele tinha que se deslocar devidamente paramentado do Palácio do Bispo até a Catedral (ainda bem que a distância era curta) e – acreditem ou não – os sinos repicavam durante toda a caminhada do “Senhor Bispo”.

Para suprir a necessidade de aviso dos falecimentos, ainda existiam as gráficas especializadas que eram convocadas às pressas para imprimir os convites para o velório. Como primeira providência, impressos os convites, começava um trabalho intenso para individualizar, com escrita manual, os seus destinatários e com a preocupação de não omitir as pessoas mais importantes para a família. Aí então, se arrumava um punhado de gente para distribuí-los de casa em casa, dentro de um prazo muito curto. Pensem na trabalheira!

As gráficas foram muito utilizadas para imprimir a programação semanal do cinema e eram distribuídos profusamente pelas residências, lojas e de mão em mão. É provável que alguns amigos do Face ainda tenham arquivados alguns exemplares deles.

O serviço de alto-falantes colocados nos postes da Av. Santo Antônio, com o som emitido por um estúdio instalado no Edifício Tomaz Maia – ali na esquina com a Rua 13 de Maio – foi uma grande novidade e de muito sucesso. O responsável era Sebastião da Antena (sua família honrada ainda permanece na nossa terra), como era conhecido por dirigir também uma oficina de rádio-técnico, especialidade que começava a surgir.

Aí o serviço passou a irradiar notícias, recados, avisos e músicas e foi um sucesso na época. Algumas dedicatórias das músicas eram simplesmente inusitadas: “DE ALGUÉM PARA ALGUÉM OUÇA A AVE MARIA INTERPRETADA POR AUGUSTO CALHEIROS”. Era uma beleza !

Foi ocupando esse vácuo que o engenho e a arte de alguns artistas natos conseguiram suprir, com sucesso, a comunicação referente à programação do cinema.

É provável que poucos ainda lembrem dele, mas existiu uma outra figura  do meu tempo de adolescente que me faz raciocinar quanto à sua qualidade artística e imaginação criadora.         

Bibí como era conhecido (nunca soube seu nome real) trabalhava para o Cine-Teatro Glória e quando iam ser apresentados alguns filmes de grande repercussão, ele era requisitado para fazer a encenação adequada, compatível com a história, que ele cumpria com extrema competência.

Ele se fantasiava de acordo com os personagens dos filmes para caracterizar com a maior perfeição e utilizava alguns apetrechos que julgava como necessários para garantir a qualidade e a fidelidade do seu trabalho. Com um clarim anunciando a sua passagem, ele percorria todas as ruas centrais da cidade, travestido como caubói americano, ou legionário romano, ou pirata.

Encarava seu trabalho com a máxima seriedade, não dava uma palavra, com feição carregada, não dava atenção às inevitáveis provocações, comportando-se como se estivesse filmando em Holywood. Deve-se ressaltar que a sua grande performance era  o anúncio da Paixão de Cristo e certeza de bilheteria certa.

Desfilava de tanga, com coroa de espinhos e aparentes fios de sangue escorridos pelo rosto, expressão de sofrimento figurando a dor que sentia, cruz nas costas, um auxiliar chicoteando as suas costas e a população assistia respeitosamente a sua encenação e, por vezes, o aplaudiam.

Exemplo extraordinário de nossa cultura popular e a consagração de um grande artista que foi varrido da memória da nossa Garanhuns.

 

sábado, 21 de fevereiro de 2015

BÊBADOS E DOIDOS MARAVILHOSOS DE GARANHUNS

Comecei a lembrar algumas personagens que marcaram o cotidiano da vida, em Garanhuns, com suas presenças constantes e o seu relacionamento com a população. Uns alcoólatras, outros malucos de à muito tempo, e ainda outros que associavam as duas  espécies, cada qual com suas peculiaridades, bordões, manias, comportamentos e disparates.

No entanto, com sua postura por vezes inconsciente, criavam características próprias que se incorporavam aos ditos populares e adotados pela população. Claro que seu número é grande e é provável que ocorram algumas omissões imperdoáveis. Paciência, amigos – como diz o cancioneiro popular: - “É muita coisa sem juízo” !

Vou começar e a coisa pode ir longe, pois o estoque é grande:

 O REI SIMÃO RAMOS DANTAS

Esse remonta ao meu tempo de menino (e como faz tempo!). Perambulava pelas ruas, corpulento e opado pela bebida, deslocando-se com dificuldade e usando alguns enfeites para simbolizar a sua condição régia. Doido manso, não incomodava ninguém e percorria alguns trechos das ruas da cidade para, em canto repetitivo e vibrante que era sua única distração, afirmar a sua condição honrosa que devia ser respeitada por todos.
Lembro um dia em que postado na esquina da Rua 13 de Maio com a Rua Dantas Barreto, calçada da casa de Seu Chico Branco em frente de onde eu morava, cantava o seu recalcitrante refrão emitido por sua voz ainda muito forte:

“EU SOU O REI SIMÃO RAMOS DANTAS.
REI DA COROA IMPERIAL
REI DE PORTUGAL E DO MUNDO INTEIRO EM GERAL”

Era muito rei, não ?

CATREVAGE

Esse não faz tanto tempo e é provável que muitos ainda se lembrem dele. De origem muito modesta, era só doido mesmo e sua obsessão era a elegância e, para tanto, arrumava uns velhos paletós amarfanhados, flor na lapela e lenço colorido no bolso.
Figura magra, esquálida e imaginava-se, graças as suas vestes e adereços extravagantes, um padrão de sucesso. Tinha uma característica voz arrastada e gostava de comparar-se com as pessoas elegantes da época.

Muitos lembram, ainda, das noites de domingo na calçada em frente do Cinema Glória, em que se formava o indispensável “quem-me-quer”. Os rapazes postados na orla da calçada, formando um corredor para o desfile das moças e todos vestidos com as suas melhores roupas. Daí nasceram muitos noivados e casamentos, Namoros, nem se fala! 
Representava melhor distração do que as próprias sessões do cinema.
Um belo dia, um moço que, se não me engano, trabalhava no Banco do Povo – não consigo lembrar o nome - e que gostava de andar sempre bem vestido e adotando os ditames da moda masculina da época, foi participar do “quem me quer” das belas noites de domingo.

Lá pras tantas, não demorou para Catrevage defrontar-se com o moço tão janota e realmente encantado com a sua elegância, parou em sua frente e, com o seu característico linguajar, deu a  sua opinião sem que fosse solicitada:
“TÁ NA MALHOR DAS BOSSA. SÓ SENDO IRMÃO DO  CATREVAGE”

O moço não tinha espírito esportivo e foi preciso a intervenção da turma do deixa disso para evitar um desentendimento feio!

 
NEPOSIANO

Já foi comentada pelo  Grupo Fatos e Fotos de Garanhuns, a existência de Loia – pessoa boníssima – que vivia com seu irmão Zeca (José Rodrigues de Souza) – na praça D. Moura, esquina da Rua Afonso Pena), que se imaginava assediada pelo rapazes da época. Primos do meu pai e sempre mantivemos uma relação familiar muito  forte. Afinal éramos todos ribeirinhos do Rio Canhoto e, até hoje, qualquer casa daquela região abriga um parente nosso e isso representa, para nós, imensa satisfação.
É provável que não lembrem de um terceiro irmão, Neposiano, alcoólatra que vivia perambulando pelas ruas, sem trabalho e sempre a espera de um conhecido que lhe desse a oportunidade para traçar uma boa lapada.

Os pés inchados, andava com enorme dificuldade sobretudo quando a dose passava da conta. Vivia modestamente com sua mãe (tia do meu pai Zébatatinha) em uma pequena casa - com um também pequeno quintal que obedecia às práticas da época, incluindo a criação habitual de um porquinho para ajudar na manutenção da família – alí na Rua Mons. Afonso Pequeno no caminho do bairro da Brasília de hoje.
Imaginem como era difícil sua locomoção na subida da ladeira!

A sua rotina foi quebrada com o falecimento de sua mãe que ele adorava e era objeto de todo o seu ainda latente amor e a razão do  seu apego à vida.
No velório, ele estava transtornado e nada o consolava e não existia argumento que pudesse diminuir a dor que sentia. Chorando muito , foi até à porta da cozinha que dava para o quintal e quando avistou o porquinho que sua mãe criava, explodiu o seu queixume:

“AI, MEU DEUS, A PORQUINHA DE MÃE. QUANDO VEJO A PORQUINHA SÓ ME LEMBRO DELA!”
Ninguém se iluda. Um dos poucos valores que resistem à todas circunstâncias e sobrevivem no universo é, definitivamente, o AMOR.

 

 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

A CEGUEIRA DE ZÉ BATATINHA




Como referido em texto anterior, a falta de formação escolar de Zébatatinha foi o maior incentivo para sua busca de conhecimentos através de uma leitura constante que tornou-se a paixão de sua vida. Lia sem parar, era a sua distração, possuía uma enorme biblioteca e todos os seus momentos disponíveis eram dedicados à leitura. Formou uma bagagem cultural expressiva, eclética e poucos assuntos escapavam de sua observação, análise e crítica cuidadosa.


Como lia bem e muito, transformou-se em qualificado escriba no respeito às regras do vernáculo, caligrafia bonita, imaginação e estilo insuperáveis. O pior que lhe podia acontecer era a cegueira, aos 67 anos de idade, resultante de duas mal sucedidas cirurgias de catarata. Viveu, portanto, os últimos 27 anos de sua vida inteiramente cego.

Nunca se lamentou, nem reclamou de sua desdita e conseguiu de forma surpreendente adaptar-se à nova situação, criando procedimentos adequados. Tinha o seu armário em que ele próprio arrumava os seus pertences mais usados e ia busca-los na medida de sua necessidade, sem solicitar ajuda de ninguém.

Nas reuniões da família que manteve durante todo esse tempo  era sempre dos mais animados, cantando e tomando a sua dose preferida de uísque puro, sem gelo, e que nunca ultrapassava de um dedinho de altura. Nas entradas de Ano Novo, fazia um discurso emocional (com rara competência e botava todo o mundo pra chorar) sobre a necessidade de manter-se a unidade da família, mesmo após o seu desaparecimento.

Conseguia manter sua indignação contra os deslizes da sociedade, preservando um bom humor incrível. Um belo dia, à noite, sem saber que Arcoverde estava totalmente às escuras, telefonei pra sua casa e foi ele próprio que atendeu – claro que no escuro foi quem teve mais facilidade para se deslocar até o telefone - A minha primeira fala foi perguntar:

 “Ôi pai, está tudo bem por aí ?”

que ele respondeu de pronto:

“Pra mim está, meu filho. O pessoal aqui é que está reclamando da escuridão. Só quem está no claro sou eu !”

 e caiu na gargalhada. Raciocinei na hora: Vejam que coisa fantástica - um cara naquela idade usando o seu infortúnio para debochar dos outros -  Só Zébatatinha mesmo!...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

CARTA A D.ELZITA SANTA CRUZ

Meu caro Marcelo: caso lhe pareça conveniente, transmita essa modesta mensagem para D. Elzita, sua querida mãe, com as minhas homenagens e o meu bem querer.

Grande abraço de Ivan Rodrigues
“Caríssima D. Elzita:

Por todas as razões que seu filho e querido amigo Marcelo as conhece, tenho acompanhado sua luta ao longo desses intermináveis quarenta anos. Ao ler, recentemente, uma notícia na imprensa nacional dando conta da eleição para a Presidência da OAB do Rio de Janeiro de um jovem chamado Felipe Santa Cruz, seu neto e filho de Fernando, foi inevitável uma desvantajosa comparação em que associei o fato à perda do meu filho mais velho, há cerca de dois anos.
Como dói, minha querida, perder um filho, sobretudo como o ocorrido nas suas circunstâncias. Comigo, poucos dias após o encantamento do meu filho (sim, como disse há pouco à uma querida amiga que perdera sua mãe: essa história de morte é pra quem não tem referências) fui surpreendido por um telefonema da nora para avisar que havia nascido minha quarta bisneta – neta do filho desaparecido. Eu que me tenho em conta de durão, chorei de felicidade ao constatar que testemunhava o MILAGRE DA VIDA. Chegara Lara Giovana para suprir de alguma forma a ausência de Zéivan!
Veja como foi importante para mim, o alumbramento despertado quando li a notícia sobre Felipe! Deduzí, de pronto, uma inevitável conclusão: é o MILAGRE DA VIDA, é a TRANSFIGURAÇÃO, é a EXSURGÊNCIA DA DIGNIDADE HUMANA, é a SOBREVIVÊNCIA DO AMOR, minha querida D. Elzita.

São pessoas como a senhora que fazem a diferença entre o bem e o mal; entre uma gente cruel, materialista e insensível e a solidariedade humana; entre a cordialidade e o desamor; entre o amor incondicional e a truculência intolerante. Fique em paz e Deus lhe abençoe por todo exemplo que tem proporcionado às novas gerações.
Com todo o afeto de Ivan Rodrigues”

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

SEBASTIÃO MOURA - JOÃO E HERONIDES


Como expliquei antes, em respeito à morte do seu Compadre João Borrego, de imediato Sebastião Moura transferiu a personagem de suas “estórias” para o filho mais velho de Seu João, Heronides, que, com o mesmo espírito esportivo assumiu humorado esse papel.

Auxiliado pela colaboração do nosso amigo Carlindo Lopes, vou começar a contar algumas tiradas de Sebastião utilizando Heronides Borrego como personagem central. Ainda com a participação de pai e filho juntos, aí vai a primeira “estória”:
            
             FECHAMENTO DA LOJA

 Numa das histórias transferidas para Heronides (logo após a morte de “seu” João), Sebastião relatava que Heronides assumiu a gestão da grande loja (Casa Borrego) e seu João resumiu suas atividades apenas a cumprir suas obrigações políticas, curtir as suas belas propriedades e seu gado.

 Por ocasião do movimento das classes produtoras contra o governo de Cordeiro de Farias, comandado pela Associação Comercial e Federação das Indústrias de Pernambuco que resultou na eleição de Cid Sampaio, “seu” João ao regressar de sua Fazenda no fim do dia, foi surpreendido com TODAS as portas da sua loja (e não eram poucas) SERRADAS PELA METADE.

Apavorado com a ocorrência, interpelou logo  Heronides que, de pronto prestou a explicação com a exibição de um telegrama que recebera da Associação Comercial de Pernambuco determinando que devia com urgência CERRAR AS PORTAS, o que – no seu entender – deveria cumprir de imediato.

Para tanto, recorreu ao marceneiro da cidade que, com seus serrotes, cumpriu de imediato a solicitação!

 
1.    HERONIDES – O JANTAR COM AUTORIDADE MILITAR

 
Heronides, com a morte de Seu João, assumiu a chefia política do Município de Capoeiras e, consequentemente, as obrigações de uma liderança que o cargo lhe impunha.

 Durante o período discricionário aconteceu um ato oficial e de sua programação constou um jantar reunindo as autoridades presentes, entre os quais estava um oficial do exército que ficou sentado exatamente junto a Heronides, que lhe dedicava toda atenção possível.

À certa altura, o oficial do exército , num gesto de delicadeza, deslocou o açucareiro para Heronides que logo o devolveu. O militar, atento ao detalhe, perguntou-lhe:

“O Senhor é diabético ?”

De imediato, Heronides respondeu:

“Não senhor, sou vereador!”

Ao fim do jantar, o Oficial que era fumante, perguntou a Heronides:

“O senhor fuma ?”

E  Heronides, foi esperto respondendo:
 
                                                        

“Fumo. Mas se o senhor quiser eu deixo agora mesmo!”

A LÓGICA PERVERSA DA QUALIFICAÇÃO DE PESSOAL

 Minhas inquietações foram aguçadas depois de acompanhar uma série de reportagens do blog de Magno Martins, em visita aos municípios dos sete Estados do Nordeste em que Dilma teve votação superior a 90%.

Quero logo fazer um apelo aos eventuais leitores que tiverem acesso a essas minhas  divagações para que não interpretem minha argumentação como contrária a Bolsa Família. Acompanhei Miguel Arraes durante 42 anos e ele dizia sempre que era uma indignidade para uma Nação não garantir sequer ao seu povo um cuscuz de manhã, ao meio-dia e à noite. Não se pode pensar numa Nação forte com um povo faminto. A modesta ajuda da Bolsa Família evita pelo menos a fome e será sempre importante, mas não contribui para tirá-lo da miserabilidade

O jornalista Magno identificou e certificou que existe uma estreita relação entre a preferência do eleitorado, a incidência do percentual de usuários da Bolsa Família em relação à população e ao exagerado percentual de analfabetos em relação ao restante do país.
Nas cidades identificadas na reportagem, cerca de 60% de sua população é usuária da Bolsa Família e mais de 60% dos usuários da Bolsa Família são analfabetos totais, sem contar os funcionais e qual seria A POSSIBILIDADE DE QUALIFICAR ESSA MÃO DE OBRA que não possui, sequer, o mínimo básico da escrita e da leitura ?

É uma vergonha que uma Nação rica como o Brasil ostente ainda uma população de VINTE MILHÕES DE ANALFABETOS e, em sua maioria, concentrados no Norte e Nordeste do país. Como libertar essa população, em sua maioria analfabeta, da dependência da Bolsa Família que o mantém como massa de manobra para exploração na hora das eleições ? Como libertar essa população se dependem de uma lata dagua do caminhão pipa do vereador para matar sua sede e da família ? Como libertar essa população se para um elementar atendimento médico precisam do transporte dos políticos para chegar em um simples ambulatório ?
Como qualificar para um trabalho através dos Sescs, Pronatecs, escolas profissionais e de tempo integral, pós-graduações, mestrados e doutorados – e são importantes - se não alcançamos primeiro esse contingente de analfabetos inteiramente desqualificados até para serem garís? Será que em qualquer processo seletivo não exigem pelo menos o primeiro grau completo ?

Fui surpreendido um dia desses com a reivindicação de marisqueiras de Itapissuma, em plena região metropolitana, solicitando como mais importante para suas comunidades (pescadores e marisqueiras)  uma coisa simples: ALFABETIZAÇÃO. Dá para acreditar em qualquer programa de educação sem objetivar, prioritariament6e, o universalizar da alfabetização ?
O Conselheiro Acácio diria com simplicidade que: tudo tem de começar do começo! È uma simples afirmação do óbvio e li, um dia desses, um artigo de Cristovam Buarque na imprensa pregando que, em todas as atividades do Brasil, as deficiências resultam da inconformação atribuída pelos Planos de Programas e Elaboração Orçamentária às PRIORIDADES da Nação.

Porque o preconceito ideológico não nos permite seguir o exemplo de Cuba que, há 50 (cinquenta) anos atrás, eliminou o analfabetismo naquele país em apenas SETE ANOS ? Porque aquele país indigente, pobre e sem recursos naturais pôde fazer e a grande e rica Nação Brasileira não consegue ? A resposta é simples:  A CLASSE DOMINANTE  não tem qualquer interesse em libertar essa população da escravidão, decorrente da ignorância e da desqualificação !     

domingo, 15 de fevereiro de 2015

OS BELOS ESCRITOS DE ZÉBATATINHA


Em nossa família, não costumamos fazer cartões com santinhos por ocasião de falecimento de algum de nós. Na morte do querido velho, utilizamos a sua última foto com mais de 90 anos que colocamos num cartão e em baixo transcrevemos um texto de sua autoria, constante de uma das mensagens que escrevia, anualmente, para nossa mãe Carminha, a cada aniversário de seu casamento. Essa mensagem revela, com toda propriedade, a sua verdadeira obsessão pela união familiar:

“Riam-se de nós os que não sabem como é bom amar sinceramente. Riam-se enquanto nós sentimos como tem sido bom o caminho que percorremos juntos como viajores contentes e alegres cantando a aleluia da felicidade e ansiosos que Deus concedesse aos outros os mesmo sentimentos e a mesma sensibilidade em relação à instituição da família.”

Depois que cegou, ditou um poema em que refere sua vida, seus alumbramentos, suas evocações, seus amores e seu encanto por Arcoverde e Garanhuns, sua terra natal:
 
“Vi da Serra da Andorinha, na linda manhã, o sol nascer

Vi a lua surgir das águas bordando de prata a superfície do mar

E o poeta dizer: o mar beijando a areia e a areia beijando o mar

Vi, no silêncio da noite, a curva do rio refletindo o luar

Vi, muitas vezes, o pôr do sol em Arcoverde

Vi a esperança e o amor nascendo no olhar de namorados

Vi a ternura no olhar da mãe velando o filho a dormir, sorrir, sonhando

Vi a caravana do beduíno no deserto, andando, andando

Vi a beleza da vida dando alegria de viver

Vi, do Magano, a neve brincando de vestir minha amada Garanhuns

Vi, sentindo a felicidade de pai, os filhos diplomados

Vi a casa do homem feliz que vendia ilusões

E hoje, no fim da jornada, de mãos vazias

Sentindo a saudade com forte emoção

Tenho a mente cansada e os olhos imersos em plena escuridão”

Respeitado o ditado original e sem correções.

MAIS UMAS "ESTÓRIAS" DE SEBASTIÃO MOURA

            A  ACOMODAÇÃO DE  SUAS  MULHERES

Essa me foi contada à poucos dias pelo seu neto Marcelo, que revela a agilidade de sua imaginação criadora, fazendo-o capaz de criar na hora as saídas mais engraçadas para os seus causos.

Conta que Sebastião, ao chegar em casa, encontra Dadá lamuriosa chorando e que, interpelada por Sebastião quanto as razões do choro, esclareceu:

 “Estou aqui pensando que quando você morrer vai encontrar com Lala (sua primeira esposa), vão se entender e eu estarei sozinha”

Sebastião deu uma solução na hora, respondendo a Dadá:

“Vou lhe fazer uma proposta: Você morre primeiro, se encontra com Lala e se acertam para uma boa convivência. Enquanto isso, caso com uma terceira e quando morrer já encontro vocês entendidas e assim não teremos problemas.”

E deu uma boa gargalhada que logo desanuviou o ambiente!

 
           A CANETA MILAGROSA

Sebastião entrou um dia na tradicional Livraria Escolar, cumprimentou o seu amigo, Manoel Gouveia, proprietário sempre presente na sua loja e foi ao diretamente ao balcão para ser atendido por um auxiliar, a quem solicitou uma Parker 51 , a mais famosa e mais cara das canetas da época.

Começou a experimentar a caneta, como se estivesse copiando um documento que colocou junto no balcão, para testar sua qualidade. Não ficou satisfeito e solicitou ao auxiliar outra caneta, alegando que a primeira não satisfizera e assim, repetidas vezes, solicitou 6 (seis !) canetas que após provadas não lhe agradavam.

O proprietário, seu amigo Manoel Gouveia, percebendo a dificuldade de Sebastião, aproximou-se e perguntou o que estava acontecendo uma vez que, aparentemente as canetas não o agradavam, ao que Sebastião logo respondeu:

“Manoel, já tentei seis canetas dessas tão caras, mas nenhuma delas foi capaz de reproduzir este documento com as mesmas assinaturas. Não servem!”

Claro que Seu Manoel Gouveia, mesmo com toda a fidalguia de sua costumeira cordialidade, terminou mandando Sebastião para “aquele lugar” e caiu na gargalhada.  


CAMPANHA ELEITORAL

Sebastião inventou um dia uma pretensa campanha para Vereador e, como é natural, tratou de formular as suas propostas e promessas de campanha para o caso de ser eleito:

a) para acabar com as ladeiras, eliminaria todas as subidas transformando-as em descidas;

b) o Monte Sinai seria transformado em um imenso Cuscúz com Leite, que – segundo dizia – seria fornecido por Amílcar Valença para alimentar a população pobre; e

c) trinta dias de festa por mês que, ao ser observado por um eleitor sobre o que fazer nos meses de 31 dias, alegou que faria um piquenique no dia excedente.
 
Pior do que as promessas de Jeitoso!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O ABECEDÁRIO DOS FILHOS DE JOÃO BORREGO


Continuando com as histórias de Sebastião Moura:
Numa das primeiras histórias com “seu” João, Sebastião Moura  relatava que o líder de Capoeiras teve muitos filhos, a ponto de, por capricho, distribuí-los por todas letras do alfabeto: Não lembro todos e espero a contribuição de quem conhece os demais para enriquecermos a lista que começa com o seu filho Heronides na primeira letra do alfabeto: 

Letra A: (Foi fácil, começando com seu filho mais velho)  ARONIDES;

Letra B: BASTIÃO;

Letra C: ÇUFIA;

Letra D: DERARDO (Aderaldo);

E:

Letra F: FIGÊNIO;

Letra G: (essa ele tinha como a mais lógica) JOÃO;

Letra H: AGAPITO;

Letra I:                  ;

Letra J:

Letra K:

L: LISBÃO (Elesbão);

M: METERIO (Hemetério);

N: NACRETO (Anacleto);

Letra O: (Essa letra era do especial agrado de seu João, pois  resultou em) OCRIDIO, OGENIO, OFRASIO e ORORA;   

Letra P: PIFANIO;

Letra Q: (essa também foi uma solução fácil) QUELEMENTE;

Letra R: RAEL;

Letra S:                     ;

Letra T:                  ;

Letra U:                                  

Letra V: VILASIO e VERARDO;

Letra X: XEVROLÉ;

Letra Z: (Sebastião relatava que no fim da vida, seu João ainda reuniu força suficiente para dois últimos filhos na letra Z): ZABÉ e ZIDORO.

 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

HISTÓRIAS DE ZÉBATATINHA

          
Maior referencial da família, o nosso patriarca deixou   marcas eternas e inconfundíveis para todos nós. É muito difícil falar dele, tal a riqueza de sua personalidade.  Severo e afável, intransigente e amoroso, inflexível nos seus princípios e tolerante com o pensar alheio, profundamente religioso, mas indignado com os erros dos agentes religiosos.

Teve na vida alternativas de bonança e desespero que nunca conseguiram afastá-lo do caminho retilíneo que tinha por norte. Os infortúnios não conseguiram desanimá-lo, como os sucessos não deformaram as suas convicções. Tinha apenas 2ª classe primária, sonhava com a graduação dos seus filhos, sonho que realizou com a formatura dos três filhos homens.

Lembro bem o orgulho manifestado por ele quando, no palco da formatura em 1949, colocou o anel de médico no dedo de Ivaldo e o abraçou emocionado dizendo: “Meu Doutor”! E, nessa hora, fez um pedido a Ivaldo, dizendo-lhe:

“NUNCA DEIXE DE ATENDER UM DOENTE QUE BATA A SUA PORTA POR NÃO TER O DINHEIRO PARA LHE PAGAR”

Depois, assistiu a graduação de Ivan em Direito e José Ivandro em Engenharia no ano de 1966. Sem nenhuma cavilação, foi um dos maiores autodidatas que conheci. Tinha uma grande biblioteca e lia tudo que lhe caia às mãos. Formou uma bagagem cultural imensa e a leitura era o seu passatempo preferido em todos os momentos disponíveis. Orador privilegiado e não só falando como escrevendo, ganhava fácil dos seus filhos somados. Discutia todos os assuntos e adorava um debate.

Lamentável como perdemos o registro dos seus escritos e falações. Temos poucas peças preservadas e lamento muito que não se tenha gravado o discurso que fez na inauguração da Quadra Coberta do Colégio Cardeal em Arcoverde que recebeu o seu nome. Já inteiramente cego, no palco da Quadra, arrodeado da família, de improviso descreveu sua vida, a relação com nossa mãe, a referência com cada filho e fechou o discurso com um monte de gente chorando, quando dispensou qualquer lamentação por sua cegueira, dizendo :

“EU SOU UM HOMEM FELIZ”.

Outro sonho apaixonado era a preservação e a unidade da família, razão primeira de sua vida e de minha mãe Carminha. Feliz quando a casa se enchia de gente e disparava longas conversas com filhos e netos discutindo todos os assuntos, mas com predileção à política, lembrando casos e causos, evocando episódios de sua vida e dando lições memoráveis a todos nós. Era sempre Zébatatinha, apelido que perfilou toda a vida desde criança, chegando ao ponto de cogitar o seu registro.

Deputado Estadual, era designado como José Rodrigues Batatinha. Integralista e anti-comunista por convicção, ninguém o superava na postura democrática de convivência e na tolerância das divergências com os adversários. Basta dizer que, sendo deputado integralista, uma das maiores amizades pessoais que cultivou na Assembleia foi com o assumido comunista Paulo Cavalcanti. Representavam posições antagônicas e mesmo assim foram amigos diletos pelo resto da vida e as nossas famílias preservam ainda o mesmo sentimento.

Mais fácil que tentar descrever ou biografá-lo, é melhor contar as suas histórias que garantirão, por certo, o retrato fiel do “querido velho”.

A CEGUEIRA DE ZÉBATATINHA

Como referido no texto anterior, a falta de formação escolar de Zébatatinha foi o maior incentivo para sua busca de conhecimentos através de uma leitura constante que se tornou a paixão de sua vida. Lia sem parar, era a sua distração, possuía uma enorme biblioteca e todos os seus momentos disponíveis eram dedicados à leitura. Formou uma bagagem cultural expressiva, eclética e poucos assuntos escapavam de sua observação, análise e crítica cuidadosa. Como lia bem, transformou-se em qualificado escriba no respeito às regras do vernáculo, caligrafia bonita, imaginação e estilo insuperáveis.

O pior que lhe podia acontecer era a cegueira, aos 67 anos de idade, resultante de duas mal sucedidas cirurgias de catarata. Viveu, portanto, os últimos 27 anos de sua vida inteiramente cego. Nunca se lamentou, nem reclamou de sua desdita e conseguiu de forma surpreendente adaptar-se à nova situação, criando procedimentos adequados. Tinha o seu armário em que ele próprio arrumava os seus pertences mais usados e ia busca-los na medida de sua necessidade, sem solicitar ajuda de ninguém.

Nas reuniões da família que manteve durante todo esse tempo e era sempre dos mais animados, cantando e tomando a sua dose preferida de uísque puro, sem gelo, e que nunca ultrapassava de um dedinho de altura. Nas entradas de Ano Novo, fazia um discurso emocional (que fazia com rara competência e botava todo o mundo pra chorar) sobre a necessidade de manter-se a unidade da família, mesmo após o seu desaparecimento.

Conseguia manter sua indignação contra os deslizes da sociedade, preservando um bom humor incrível. Um belo dia, à noite, sem saber que Arcoverde estava totalmente às escuras, telefonei pra sua casa e foi ele próprio que atendeu – claro que foi quem teve mais facilidade para se deslocar até o telefone !. A minha primeira fala, foi perguntar:

 “Ôi pai, está tudo bem por aí? ”

que ele respondeu de pronto:

“PRA MIM ESTÁ, MEU FILHO. O PESSOAL AQUI É QUE ESTÁ RECLAMANDO DA ESCURIDÃO. SÓ QUEM ESTÁ NO CLARO SOU EU !”

e caiu na gargalhada. Vejam que coisa fantástica: um cara naquela idade usando a cegueira para pilheriar dos outros. Só Zébatatinha!... 



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

MEDICINA FAMILIAR


O texto que fiz sobre os quintais de antigamente mereceu uma grande repercussão, aguçando as recordações e as lembranças da infância de muita gente. Sem desprezar as modernidades, é importante lembrar que muita imaginação e experiência acumuladas produziam um resultado eficaz a ponto de suprir as deficiências naturais da época.
Lembrei-me, então, dos recursos adotados na produção e da sabedoria na aplicação de meizinhas extraordinárias que eram adotadas para todos os males e, até nas farmácias, prevaleciam sempre as manipulações constantes dos formulários farmacêuticos inspirados na experiência transmitida oralmente.
Comecemos pelas ervas inspiradas na plantação dos quintais, em que não faltavam, e ainda hoje são utilizadas na produção de chás: a boa erva cidreira; o capim santo; o boldo; sabugueiro; ipepaconha, chá preto; que resolviam de dor de barriga à febres e resfriados, males do fígado, e etc. e tal.
Quem não lembra a produção por nossas mães dos “lambedores” de hortelã da folha graúda; de jatobá; de figo; de gengibre; que eram morte certa para as tosses, catarros e defluxos de toda a espécie. Lembro ainda minha mãe fazendo a fila dos meninos , com um  frasco e uma colher na mão, distribuindo a cada um sua ração de “lambedor”. Já se vê que a distribuição indiscriminada funcionava, também, como ação preventiva para a ocorrência de possíveis surtos de resfriado e catarreira.
Como suplemento, para a rouquidão não faltavam os chás de romã e de limão sempre acompanhados de uma boa dose de mel de abelha, sobretudo o mel de uruçu.
Ah! e os famosos purgantes receitados para todos os males principiando pelo famoso óleo de rícino aplicado para tudo na vida e, por vezes, acompanhado por uma explosiva mistura das ervas sena e maná. Como se não bastasse ainda era reforçada com uma gemada batida que dava à mistura uma estranha e espumosa coloração amarela! E mais, para evitar as ânsias de vômito, éramos obrigados a apertar com toda força uma simplória chave na mão. Hoje eu entendo a condicionante psicológica usada para disfarçar a ansiedade e o inevitável embrulho no estômago. Terminava todo mundo com um bigode de espuma amarela, derivada da insuportável “gemada”, guardando o detestável aroma que produzia.
Hoje em dia quase todos os vermífugos industrializados e receitados são produzidos à base de “hortelã da folha miúda” e atesto que isso não é descoberta nova. Na minha casa nunca existiu “lombriguento”  e a façanha é atribuída ao fato de que no cardápio de nossa cozinha nunca faltou “hortelã de folha miúda” nas saladas e no tempero verde das chamadas comidas de panela. Ainda hoje funciona e não tem verme que se aguente com essa terapia.
Lembram os emplastros adotados nas pancadas e contusões, à base de breu e arnica? E o álcool misturado com cânfora ? E as compressas de ácido bórico que encontrei, um dia, sendo usadas por minha mãe Maria na bunda de meu filho Zéivan por conta de uma palmada que deu e lhe encheu de remorso!
E nos ferimentos nunca falhou a aplicação do elixir sanativo que era, e é ainda, nada mais que uma mistura fitoterápica de aroeira e quixaba com notáveis efeitos para estancar sangramentos e hemorragias, sem falar na tintura de iodo que era usada em toda a assepsia cirúrgica.
E não falei das extraordinárias “garrafadas”, vendidas nas toldas das feiras, que serviam para tudo, de simples indisposições até às quedas de rede, mordidas de cobra, espinhela caída, dor de cotovelo, amores desprezados e coisas tais....
E me divirto atualmente quando vejo a novidade de uma larga difusão e aplicação de óleo de girassol – até a pouco tempo usado só como óleo de cozinha -  como poderoso cicatrizante.  O diabo é que a indústria farmacêutica está se aproveitando dessa “fantástica descoberta tecnológica” para vender um tubinho de 100 ml desse óleo por um preço em torno de R$20,00 (vinte reais)!
Lembro ainda, e até com uma certa nostalgia, as obrigatórias ocorrências de sarampo,  catapora, papeira ou cachumba que toda a infância tinha que passar. Não existiam vacinas nem remédios específicos e o jeito era suportá-las com paliativos. A única vantagem era de que - após a primeira incidência – resultava uma imunidade que não permitia sua repetição.
A verdade é que, mesmo respeitando os notáveis avanços da medicina, QUANTA SAUDADE da simplicidade dos usos e costumes !   



domingo, 1 de fevereiro de 2015

A PARTIDARIZAÇÃO DA CORRUPÇÃO

Este texto foi por mim redigido e divulgado em setembro de 2014. Como se observa, mantém uma significativa atualidade e merece a sua reiteração. Boa Leitura!
 
Meus caros: Vamos parar com essa forma de discutir e debater as questões políticas com tanta virulência e atribuir aos adversários uma maior participação direta na corrupção do País. A corrupção é daninha e execrável, venha donde vier, parta donde partir independente de qualquer rótulo. Quem for culpado deve pagar por seu erro! Insisto mais uma vez, que sem querer ser dono da verdade – mesmo porque já disse que nesse nível eu me recuso participar – não entendo porque a discussão tem de baixar o nível e descambar para o terreno pessoal. Todo e qualquer debate político deve obedecer um contraditório democrático e saudável.
Chego a me divertir quando percebo alguns apelando para a velha fórmula de comunismo x capitalismo, por não terem descoberto até hoje que o muro de Berlim caiu em 1989 e que morreu de velho o maniqueísmo insuportável da divisão do mundo resumido às esferas de influência dos Estados Unidos e da Rússia. Só quem fala nisso com insistência são os “clubes militares” saudosos da ditadura.

 Vocês não percebem que quando ameaçam com a volta do insuportável desemprego que poderia acontecer com a derrota de Dilma, estão praticando o mesmo terrorismo utilizado por Regina Duarte para impedir a eleição de Lula em 2002? Não percebem que apontar as corrupções dos outros como justificativa para as corrupções que os aliados praticam, é uma forma de generalizar, de banalizar e institucionalizar a CORRUPÇÃO ?
Será que existe ainda alguma dúvida que os programas sociais instituídos no Governo Lula, transformaram-se em política de Estado e não há hipótese que permita a qualquer governo (venha donde Diabo vier) revogá-los?  Colocar na boca de Marina afirmação neste sentido, além de constituir um ato sórdido de calunia, não rouba o seu sentimento e a sua VERDADE ? Onde ficam a dignidade do cargo e o respeito à Ética quando a PRESIDENTA Dilma utiliza o Advogado Geral da União, Senhor Luiz Adams, para defender a CANDIDATA Dilma em uma querela de pretenso crime eleitoral a ela atribuído ? E quando falo em “pretenso crime” entendam todos que não estou discutindo a culpa, mas sim o “modus operandi”.

Vamos manter um mínimo de coerência (costumo dizer que a coerência é o mais espinhoso caminho da democracia) em nossas posições políticas e se conscientizem que nossas eventuais divergências devem ser discutidas sempre com respeito.