Não sou dono da verdade, nem pretendo impor a minha verdade aos amigos, mas convido os companheiros das redes sociais à uma reflexão, sem qualquer conotação partidária, política ou preferencial.
Talvez não tenham pensado, mas nós constituímos uma parcela privilegiada da Nação, desde que:
A) tivemos acesso à escola, quando no Brasil ainda existem cerca de 20 milhões de analfabetos totais sem contar com os funcionais e todos os políticos blasonam a necessidade de qualificação de mão de obra para assegurar emprego e renda. Todo o mundo fala farisaicamente na prioridade da educação, entretanto o eciano Conselheiro Acácio diria que tudo começa do começo: Como poderíamos qualificar um analfabeto, para retirá-lo da dependência de uma Bolsa Família se ele não sabe sequer ler e escrever para que, daí em diante, não mais sirva de massa de manobra ? Quando atentaremos para o fato de que qualquer plano ou programa de educação em uma nação teria que começar pela extinção radical do analfabetismo ?
B) Como corrigir as terríveis desigualdades do corpo social se deliberadamente não damos prioridade aos analfabetos? Somente universalizando a alfabetização poderemos conceder aos mais dependentes a oportunidade de se qualificarem para ascender na escala econômica da sociedade. A persistir este estado de coisas, teremos eternamente uma legião de brasileiros, como nós, dependendo do assistencialismo da bolsa família para romper o estado de miserabilidade em que vivem! A coisa é tão surrealista que os jornais de hoje publicam uma decisão do Prefeito de São Paulo criando uma bolsa mensal destinada à qualificação de 100 (cem !) transexuais e travestis, a um custo total anual de um milhão de reais! Não conheço DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO maior quanto uma medida inócua e insignificante como essa, diante dos milhões de brasileiros que não têm chance sequer de uma elementar alfabetização!
C) em grande maioria, dispomos de planos de saúde, enquanto milhões de brasileiros se amontoam na porta de instituições públicas de saúde no aguardo de uma consulta ou da marcação de uma cirurgia eletiva e, ao mesmo tempo, profissionais de medicina se recusando a trabalhar em unidades de saúde pública no interior, sob o pretexto de que não lhes proporcionam as devidas condições de trabalho e aí castigam a população (cabe um reparo: sou do tempo em que meus filhos nasceram em casa e nunca médico algum recusou o encargo, sob o pretexto de falta de condições);
D) temos mesa farta, quando ainda 13 (treze) milhões de patrícios não conseguem garantir – no dizer de Miguel Arraes – “sequer um cuscuz no café, no almoço e no jantar !”;
E) temos residência em casas de alvenaria saneadas, eletrificadas, em ruas delineadas e até em luxuosos “privês”, quando milhões de cidadãos vivem em condições sub-humanas nas favelas, invasões, casas de papelão e palafitas que consagram a civilização de caranguejos apregoada por Josué de Castro;
F) índices assustadores e crescentes dos crimes, e os políticos ainda discutindo qual a esfera do poder responsável pelo combate global à violência, quando a obrigação é de todos;
G) temos, em grande maioria, nossos veículos unitários de transporte para quem converge a prioridade nas soluções de mobilidade, enquanto a grande maioria dos brasileiros (quando conseguem o dinheiro da passagem) se espremem nos transportes coletivos, sujos, calorentos e desconfortáveis, etc. e botem eteceteras nisso!
É axioma e dispensa fundamentação. Não conseguiremos modificar as práticas políticas sem o aperfeiçoamento global da sociedade! E como aperfeiçoá-la se nas simples relações da cidadania não se cultivam as boas regras? Estamos cumprindo o papel que nos cabe nessa concertação social ? Deploro muito e ainda não cansei de reclamar e lembrar aos companheiros das redes quanto ao comportamento das chamadas redes sociais. Estamos parecendo tropas de guerrilha organizadas, planejadas e adestradas para a grosseria, violência, ofensas e agressões e, sem uma simples reflexão, nos revoltamos com a violência praticada na França, em nome de uma pretensa religiosidade.
Não debatemos, agredimos. Não discutimos, vociferamos. Não argumentamos, usamos linguagem chula. Não cumprimentamos, agredimos com palavrões. Não usamos razões, distribuímos inverdades. Não justificamos nossos erros, tentamos universalizá-los. Pobreza de argumento e riqueza de deboches. Pobreza de civilidade e riqueza de xingamentos. Pobreza de educação doméstica e riqueza de violenta selvageria. Qualquer hora dessas, vamos ter que tirar as crianças da sala, para se permitir a leitura dos nossos comentários na rede.
Quem me conhece sabe que tenho um monte de defeitos, mas não sou um velho abusado, ranzinza ou um “Lunga” da vida! Com toda a humildade APELO PARA OS QUERIDOS AMIGOS E COMPANHEIROS DA REDE para modificarmos nossa postura neste admirável instrumento tecnológico e, assim, garantir nossa contribuição para o aperfeiçoamento do corpo social brasileiro, como é dever da nossa responsabilidade. Acima de tudo e de todos os interesses pessoais, vamos cumprir a nossa parte!
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