quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

A LÓGICA PERVERSA DAS PASSARELAS TIDAS COMO "BONDOSAS"


Recife registra apenas duas passarelas para pedestres que, não fosse a displicência do Poder Público, poderiam ser chamadas, sem deboches, de passarelas bondosas: a do início da Rua Herculano Bandeira no Pina com elevadores e escadas rolantes e uma segunda prestigiada apenas com um elevador, em frente ao Hospital das Clínicas da UFPe.

Elas deveriam formar, como contraponto ao que denominamos de “passarelas perversas”, as estruturas seguras, acessíveis, cômodas e confortáveis para os desvalidos pedestres, inclusive os que, por absoluta incapacidade física, não tem como acessar até mesmo os arremedos dessas passarelas existentes e que deveriam sim, mas não prestam o serviço ao qual foram destinadas pelo simples fato de que não recebem a manutenção devida e, por consequência, não atendem à finalidade proposta, pois estão sempre quebradas.

Como é “COISA DE POBRE”, ficam lá sem manutenção e, quando quebram, leva-se uma eternidade para serem reparadas. Se fosse um buraco no leito da rua prejudicando o trânsito de automóveis, a gritaria dos seus privilegiados condutores seria enorme e o reparo atendido de imediato.

Gostaríamos muito de saber o custo unitário dessas duas “passarelas bondosas” e o da manutenção contratada se é que existe.

A verdade que não pode ser escondida é que, quando se trata de obras para facilitar a comodidade do transporte individual e favorecer os seus felizes possuidores, não existe qualquer consideração com os seus custos para construir rótulas, trevos, viadutos, semáforos, contornos, acostamentos, pontes, etc., mas quando se trata de uma elementar comodidade do POVÃO surgem, de pronto, as deslavadas e pouco originais desculpas de custos.

Para um modesto início, porque não fazem um levantamento dos locais mais críticos de travessia de pedestres e criam um projeto padrão simples de elevadores (lembro aos notáveis projetistas que escadas rolantes, podem ser bonitas, mas não atendem aos cadeirantes, deficientes físicos e aos mais idosos), recursos assegurados à sua manutenção e vigilância, eliminação de sinais que se resultariam desnecessários (para esses existe manutenção contratada, emergencial e constante, já que servem aos automóveis!) e programar a sua instalação pela critério da escala de prioridades.

E aí, como mais importante, iniciar a sua implantação pois trata-se de vida de gente e quero lembrar a lição do poeta: “PORQUE GADO A GENTE TANGE, FERRA, ENGORDA E MATA, MAS COM GENTE É DIFERENTE”.

Quando é que vamos considerar que pobre é gente com sentimentos, carências, cansaços, decepções, poucas alegrias, muitas tristezas, porém ainda capazes de dar a lição que a população de Abreu e Lima deu com a devolução das mercadorias saqueadas, provando que TEMOS UM POVO!, com um trabalhador de salário mínimo mostrando sua dignidade através da condenação  à essa maldita sociedade de consumo, ao reprovar o mal feito de um filho dizendo: “Essa ambição de ter as coisas não se justifica”!.

 

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