Recife registra apenas duas passarelas para pedestres que, não
fosse a displicência do Poder Público, poderiam ser chamadas, sem deboches, de
passarelas bondosas: a do início da Rua Herculano Bandeira no Pina com
elevadores e escadas rolantes e uma segunda prestigiada apenas com um elevador,
em frente ao Hospital das Clínicas da UFPe.
Elas deveriam formar, como contraponto ao que denominamos de
“passarelas perversas”, as estruturas seguras, acessíveis, cômodas e
confortáveis para os desvalidos pedestres, inclusive os que, por absoluta
incapacidade física, não tem como acessar até mesmo os arremedos dessas
passarelas existentes e que deveriam sim, mas não prestam o serviço ao qual
foram destinadas pelo simples fato de que não recebem a manutenção devida e,
por consequência, não atendem à finalidade proposta, pois estão sempre quebradas.
Como é “COISA DE POBRE”,
ficam lá sem manutenção e, quando quebram, leva-se uma eternidade para serem
reparadas. Se fosse um buraco no leito da rua prejudicando o trânsito de
automóveis, a gritaria dos seus privilegiados condutores seria enorme e o
reparo atendido de imediato.
Gostaríamos muito de saber o custo unitário dessas duas
“passarelas bondosas” e o da manutenção contratada se é que existe.
A verdade que não pode ser escondida é que, quando se trata de
obras para facilitar a comodidade do transporte individual e favorecer os seus
felizes possuidores, não existe qualquer consideração com os seus custos para
construir rótulas, trevos, viadutos, semáforos, contornos, acostamentos,
pontes, etc., mas quando se trata de uma elementar comodidade do POVÃO surgem, de pronto, as deslavadas
e pouco originais desculpas de custos.
Para um modesto início, porque não fazem um levantamento dos
locais mais críticos de travessia de pedestres e criam um projeto padrão
simples de elevadores (lembro aos notáveis projetistas que escadas rolantes,
podem ser bonitas, mas não atendem aos cadeirantes, deficientes físicos e aos
mais idosos), recursos assegurados à sua manutenção e vigilância, eliminação de
sinais que se resultariam desnecessários (para esses existe manutenção
contratada, emergencial e constante, já que servem aos automóveis!) e programar
a sua instalação pela critério da escala de prioridades.
E aí, como mais importante, iniciar a sua implantação pois
trata-se de vida de gente e quero lembrar a lição do poeta: “PORQUE GADO A GENTE TANGE, FERRA, ENGORDA E
MATA, MAS COM GENTE É DIFERENTE”.
Quando
é que vamos considerar que pobre é gente com sentimentos, carências, cansaços,
decepções, poucas alegrias, muitas tristezas, porém ainda capazes de dar a
lição que a população de Abreu e Lima deu com a devolução das mercadorias
saqueadas, provando que TEMOS UM POVO!, com um trabalhador de salário mínimo
mostrando sua dignidade através da condenação
à essa maldita sociedade de consumo, ao reprovar o mal feito de um filho
dizendo: “Essa ambição de ter as coisas
não se justifica”!.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é construtivo.