Meu querido compadre e primo Luis Jardim, filho do Capitão José
Jardim e tia Santa, por conseguinte irmão de Carminha, Zezinho (pai de Luis
Afonso Jardim), Eulina (mãe de dois bem-querer, Tereza Cristina e Virgínia),
Zezinha, Suzete. Pai, em primeiro casamento, de Esdras e Iara. Boêmio por
vocação e prazer. Funcionário irrepreensível da Secretaria de Agricultura do
Estado (Tesoureiro, num tempo em que não existia rede bancária e tudo era in
cash. Imaginem a responsabilidade dos tesoureiros!). De segunda à sexta,
servidor exemplar, cumpridor de suas obrigações sem qualquer referência
desabonadora em sua ficha funcional, porém de sexta à noite até a noite de
domingo, ninguém podia contar com ele pra nada. E, no Carnaval então, chegava
em Garanhuns, se incorporava ao Cacareco e daí em diante eram três dias e
quatro noites emendadas sem trégua e descanso.
Até que um belo dia chega a notícia: Luis Jardim teve um enfarto e
estava internado no Hospital Português, com extremo risco de vida. Nessa época, ainda não
existiam os maravilhosos recursos médicos na cardiologia e a terapia
determinava um repouso absoluto e uma manipulação como de cristal entre
algodões. Seu cardiologista era Dr. Jarbas Malta seu amigo e irmão de José
Malta, agrônomo do Estado e colega de trabalho de Luis.
Por conta disso, o trabalho do médico era de grande dedicação. Com
tanto empenho e zelo, terminou Luis Jardim recebendo alta do Hospital indo pra
casa depois de quase dois meses de internamento. Primeira providência foi uma
festa de arromba em sua casa nos moldes que sempre fazia.
A família se apavorou e denunciou o seu comportamento ao Dr.
Jarbas que mandou chamá-lo e passou-lhe um carão exemplar: Seu Luiz, você enlouqueceu? Sem vacilar, Luiz respondeu: “Você não me deu alta ? Aguarde o próximo
enfarte e, se der tempo me socorram, se não, me enterrem e continuem a vida”.
E concluiu ainda: “Jarbas, EU QUERO UM ANO
DA VIDA QUE GOSTO E NÃO QUERO DEZ DA
VIDA QUE VOCÊ ME QUER DAR !”.
Sobreviveu
ainda quatorze anos e terminou morrendo numa quarta-feira de cinzas, prosaicamente
em um hospital, quando, na verdade merecia igual sorte de Quincas Berro D'Água
ou Vadinho.
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