sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O LADRAO DOS POMBOS DE ZÉ DA ROCHA


A propósito de uma foto antiga de Garanhuns, divulgada no Facebook por Cora Valença, observei de terno escuro, agachado à esquerda, Zé da Rocha, que era uma figura diferenciada daquele tempo. Aldeão da Rua Dantas Barreto (olha aí, Mirandinha!) podia-se notar a elegância, sempre alegre e brincalhão, insinuante e boa prosa, gostava de desfilar pela cidade com um grupo de amigos, aos domingos, em cavalhada. Cavalos grandes e bonitos, vistosamente ajaezados e os cavaleiros muito bem vestidos como mandava o figurino da época. Contava-se uma história deliciosa a seu respeito incorporada ao folclore de Garanhuns, que passo adiante sem garantir a veracidade:

Todos lembram a disposição das casas de então e essa ali na Dantas Barreto, quase na esquina com a travessa do Diocesano do lado debaixo, não fugia à regra: sala de visita, quartos dando para o corredor desembocando na sala de jantar, seguida da cozinha, depois banheiro e dependências de empregadas e, no final, saída para o quintal que, dado o acentuado declive, só era acessado por uma enorme escada. Na época, para os que se lembram, os quintais tinham por obrigação: um galinheiro, uma pequena horta com infalível plantação de tomate de galinha (hoje denominada pernosticamente de tomate-cereja !) e, por vezes pequenos pombais.
Altas horas da noite, Zé da Rocha esgueirou-se da cama com extremo cuidado pra não despertar a mulher e encaminhou-se para seu interior, silenciosamente, através do corredor. Ocorre que, apesar das precauções, ele não percebeu que a mulher também havia se levantado e, do mesmo modo sutil e silencioso, passou a segui-lo. Pé ante pé, ele atravessou a sala, a cozinha, o banheiro e quando ía colocando a mão na maçaneta do quarto da empregada (seu cobiçado objetivo final) foi surpreendido com o grito da mulher: Zé da Rooochaa!...... Ele, de pronto e com rara presença de espírito, fez o gesto comum de “psiu” com o dedo encostado nos lábios e sussurrou: “Ladrão nos pombos... mulher” e prosseguiu pelo corredor até alcançar a porta e desceu a escada que dava para o quintal, onde se alojava o pombal. Claro que não encontrou nenhum ladrão!

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