A respeito de uma observação de nossa querida amiga Lúcia Lessa no Facebook, sobre a foto da festa de inauguração da Rádio Difusora de Garanhuns, comandada pelo seu fundador F. Pessoa de Queiroz nos idos de 1950, com os cavalheiros de gravatinha borboleta e as damas com refinados vestidos longos, tive oportunidade de fazer o comentário abaixo:
“Minha querida Lúcia:
QUE FESTA LINDA! Costumo dizer que mesmo nas menores coisas existirá sempre o
que chamo a liturgia dos cargos. Sem demagogia barata, essa liturgia impõe um
respeito, uma postura, um comportamento que influem muito nas relações humanas.
A informalidade que, por vezes, é necessária, não pode se transformar em regra
absoluta, sob pena de subversão de valores, de quebras de respeito e
hierarquias que, na atualidade, resultam em forte contribuição para a violência
que toma conta do mundo inteiro.
As pessoas estão mal-educadas e grosseiras,
perderam a civilidade e a cortesia. As pessoas não se saúdam mais, só sabem
conversar com os celulares, disputar jogos eletrônicos e não conhecem, sequer,
o nome dos seus vizinhos. Estamos perdendo o hábito de simples expressões como:
Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite, Muito Obrigado, Com Licença, Por Favor, e vai
por aí afora... Avistei, um dia desses, quatro senhoras em torno de uma mesa no
restaurante que não trocavam uma palavra entre si, pois estavam totalmente
absortas, cada uma, com os ouvidos colados em seus respectivos celulares.
Adotei
uma postura que recomendo a todos amigos para manter o bom humor e desanuviar
os carrancudos. Sistematicamente, onde chego cumprimento da forma mais efusiva as pessoas presentes e, com isso, as
obrigo a responderem de forma acanhada e, por vezes, um tanto assustadas. A
fórmula é maravilhosa. Experimentem nos elevadores, nas escadas rolantes, nas
indefectiveis filas de bancos e super-mercados que amontoam gente sempre
apressada e sôfrega (com justa razão); o cumprimento que manifesto produz um
efeito muito bom e me faz um bem danado. Só pra ilustrar: Um dia desses, no
acesso à escada rolante do Shopping Center (que estão expulsando as pessoas das
ruas e impedindo o convívio humano) estanquei de um lado para dar vez à uma
senhora e ela estancou do outro lado para me dar a vez (afinal sou um velhinho!).
Criou-se o impasse que só foi vencido quando lhe saudei: "Minha
senhora, eu sou tão velho que sou ainda do tempo em que as damas tinham
preferência". A proposta foi infalível, ela agradeceu e aceitou a
preferência !”
Excele post. A gente tem mesmo que cultivar a troca sadia e proveitosa dos encontros não virtuais.
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