segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A LÓGICA PERVERSA DA AUSÊNCIA DOS CINTOS DE SEGURANÇA NOS TRANSPORTES COLETIVOS

Alguém poderia me explicar a lógica perversa contida na exigência de cintos de segurança para os transporte unitários, enquanto seu uso nos transporte coletivos é absolutamente desconsiderado?

Nos casos de transporte individual (automóvel) há uma preocupação enorme com a segurança dos seus condutores e passageiros, tanto que a lei exige (e é um dos poucos casos em que a fiscalização é rigorosíssima !) o uso indistinto de cintos de segurança, freios ABS e Airbag’s  por  todos os usuários. Certo? Se é assim, porque nos transportes coletivos, em que se amontoa uma centena de pessoas sentadas e em pé, não existe essa exigência, pelo simples fato de que tal exigência impediria a permanência de passageiros em pé, contrariando a receita dobrada garantida pela superlotação ?

Pergunta-se então: a) os usuários dos transportes coletivos são cidadãos de segunda classe? b) Por que a segurança deles não recebe a mesma preocupação que a dos afortunados usuários de automóveis? c) Por que a lei não protege, com os mesmos critérios, a integridade física de todos os usuários de transporte independentemente de suas capacidades financeiras e do veículo utilizado? d) A vida e a higidez física do usuário de ônibus, trens e metrôs tem menor importância que a dos privilegiados usuários de automóveis? e) O usuário de transporte coletivo, por ser mais carente, é penalizado duas vezes: por ser pobre e obrigado a sujeitar-se ao desconforto dos ônibus e também na desconsideração que recebe quando desvalido ou morto? f) Como exigir-se de um trabalhador boa prestação de serviços, após sujeitá-lo ao estresse de duas ou três horas de viagem cansativa, calorenta, desconfortável, insegura, insalubre, infecta e imunda para chegar ao local de trabalho? g) Todo mundo está farto de saber que não existe solução para a mobilidade urbana que não seja através da melhoria dos transportes coletivos e porque não se faz nada, absolutamente nada, para agilizar e melhorar o transporte coletivo de forma a atrair o usuário do transporte unitário e, por conseqüência, servir melhor ao sempre carente usuário do transporte coletivo ?

E, ao contrário: h) Por que tanto estímulo, financiamento abundante, desoneração de impostos, parcelamento de IPVA de motos, ciclovias com reserva de faixas, para benefício do transporte individual ? i) E a elevada incidência de acidentes de motos, que sobrecarregam a capacidade instaladas dos hospitais de emergência sem a menor proposta de solução, chegando ao ponto de tornar-se uma questão grave de saúde ? j) Será que nem esse exagerado índice de mortes – e estamos tratando de vidas humanas, minha gente ! – desperta uma mínima reflexão sobre o assunto e a busca de outras soluções ? k) Porque para as obras viárias destinadas ao transporte individual não há a menor consideração de custos e recursos necessários e, ao invés, para a melhoria dos transportes coletivos sempre se alega o alto custo dos imprescindíveis investimentos, chegando a ponto até de inviabilizar as simples faixas privativas para os ônibus e quando, timidamente as implantam, logo as avacalham por falta absoluta de fiscalização ?

Só porque é COISA DE POBRE ?             

2 comentários:

  1. Não vejo outra alternativa para respostas além das já elencadas no próprio texto! Quem tem a necessidade de andar de ônibus nas capitais já sentiu na pele o inferno desde a fila de espera, o espremer provocado pelo conglomerado até a descida final; sem contar com as várias brecadas dos condutores e forma de dirigir que mais se assemelham a condutores de animais. Estamos no século 21... parece???

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  2. Excelente texto! Uma questão também importante é a necessidade de aperfeiçoamento do sistema de sincronização dos semáforos. Isso poderia reduzir o tempo de viagens e consequentemente o stress decorrente da desumanização do cidadão que é obrigado a utilizar o nosso decadente sistema de transporte público diariamente.

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