O assunto está ficando
enfadonho e pode até parecer implicância, mas não é. Tenho amizade e respeito
ao Prefeito Isaías que costuma dizer, para meu orgulho, que aprendeu a fazer politica
comigo quando, ainda rapazinho, acompanhava minhas candidaturas no tempo da
ditadura. Ele pode até não ter sido um aluno exemplar, mas faço-lhe justiça
garantindo que isso é verdade, num tempo em que muitos que hoje possam de
“democratas”, evitavam passar pela minha porta e mudavam de calçada para não me
cumprimentar. Por isso o meu respeito.
Sou obrigado, entretanto,
a observar os deslizes verbais que o prezado amigo vem cometendo reiteradamente
e entendo que são preocupantes, por fugirem ao mais elementar bom senso. Primeiro
foi a lamentável solidariedade prestada aos Secretários da Prefeitura que
desobedeceram à Sra. Vice-Prefeita em pleno exercício do cargo, sob o pretexto
absurdo de que seriam membros de sua equipe e, textualmente, afirmando que a
Vice-Prefeita não tinha equipe. Transformou uma elementar questão institucional
em uma ridícula querela pessoal!
Agora, para justificar uma
desastrada decisão de cancelar o Garanhuns Jazz Festival, dispara desculpas não
convincentes e as mistura com acusações inverídicas e despropositadas ao
Governo do Estado, em recente matéria publicada pela Folha de Pernambuco, do
dia 24 do corrente, e repercutida pelo blog de Carlos Eugênio. Convém
transcrever uma parte dessa matéria:
“Izaías
acusa Governo do Estado de tentar cooptar Prefeitos Oposicionistas
O Festival de Jazz, que acontecia em
Garanhuns e será realizado em Gravatá é um dos exemplos da crise. A
transferência da festividade passou pela falta de verbas por parte da
Prefeitura, mas o Prefeito Izaías Regis (PTB) aproveitou a posição do
Ministério Público de Contas de Pernambuco para criticar a postura do Governo
do Estado, com relação à distribuição de recursos para o Carnaval.
Régis tomou a decisão de não investir
no Festival de Jazz e realizar uma modesta programação carnavalesca, por conta
da baixa arrecadação. “ESTÁ TUDO CERTO. SALÁRIO ATRASADO NÓS NÃO TEMOS. MAS,
COMO FEVEREIRO TEM UMA ARRECADAÇÃO PEQUENA, CORRÍAMOS O RISCO DE NÃO CUMPRIR
COM A FOLHA DE PAGAMENTO. ACHO QUE A POSIÇÃO DO MPCO-PE ESTÁ CORRETA. AGORA,
ESTOU SENTINDO QUE O GOVERNO DO ESTADO ESTÁ PATROCINANDO ALGUNS CARNAVAIS DE
PREFEITOS DE OPOSIÇÃO PARA TRAZÊ-LOS PARA A SITUAÇÃO. A SECRETARIA DE TURISMO
DO ESTADO DISSE QUE DARIA PARA O FESTIVAL O MESMO VALOR DO ANO PASSADO, R$ 120
MIL, MAS O MONTANTE AINDA NÃO FOI PAGO”, reclamou o Prefeito Garanhuense.”
Acusação gratuita, sem
qualquer fundamento ou confirmação, incompatível com a responsabilidade de
legítimo mandatário de Garanhuns e conflitante com a dignidade do cargo que
ocupa. Além disso, suas declarações encerram algumas contradições que exigem
explicação:
1º - Quando diz que
“FEVEREIRO TEM UMA ARRECADAÇÃO PEQUENA” revela o óbvio ululante em face do Carnaval
ter perdido sua tradição em Garanhuns a
muito tempo. Nossa população divide-se entre às idas para Olinda e Recife para
curtir o Carnaval de lá, ou ir às praias curtir o sol ou, ainda, permanecer em
casa assistindo o Carnaval pela televisão. Parece até que não informaram ao
nosso ilustre alcaide que nos últimos oito anos, foi criado um tal de Garanhuns
Jazz Festival que, conforme informação da própria Prefeitura, no último ano de
2015 promoveu uma ocupação de 95% de nossa rede hoteleira. Seguramente,
portanto, que esse próximo fevereiro prenunciava uma arrecadação NÃO MAIS
PEQUENA.
2º - Diz, profeticamente e
sem qualquer comprovação, que está “SENTINDO
QUE O GOVERNO DO ESTADO ESTÁ PATROCINANDO ALGUNS CARNAVAIS DE PREFEITOS DE
OPOSIÇÃO PARA TRAZÊ-LOS PARA A SITUAÇÃO”. Essa sua percepção sensorial é fruto
de pressentimento, bola de cristal, telepatia, mediunidade ou mera aleivosia?
3º - Quando complementa a
aleivosia dizendo: “ESTÁ DANDO UM
EXEMPLO TERRÍVEL. ELES VÃO ATRÁS DE PESSOAS DO PTB PARA OFERECER O CARNAVAL”,
se obrigaria a esclarecer quem são os “ELES” (aliciadores referidos) e ademais
relacionar quais foram as “PESSOAS DO PTB”, ou seja, quais foram os Prefeitos
do PTB procurados. Por exemplo, o nosso Prefeito como Prefeito do PTB foi um
dos procurados e ele afirma isso como “exemplo terrível” por ter sofrido o
assédio ou se “sentiu” desprestigiado por ter não sido procurado?
4º - E quando afirma que o Secretário de Turismo do Estado “DISSE QUE DARIA PARA O FESTIVAL O MESMO
VALOR DO ANO PASSADO, R$ 120 MIL, MAS O MONTANTE AINDA NÃO FOI PAGO”, aí eu não
entendi mais nada, meu caro Isaías. Você não acha que manter a mesma verba do
Estado, diante da crise, não seria de bom tamanho? E se a verba do Estado era
para o Jazz Festival seria lícito liberar o seu pagamento antecipado, mesmo
depois de declarada a extinção do Festival?
O mais lamentável nisso tudo é que de acordo com declarações formais e
não desmentidas do Sr. Secretário Estadual de Turismo e do Sr. Prefeito de
Gravatá, o Poder Público não está gastando um centavo, sequer, com o Festival
de Jazz em Gravatá, uma vez que está
sendo bancado por patrocínios privados. Não seria mais acertado que, ao invés
de estar “chorando o leite derramado”, reconhecer o erro cometido e tomar o bom
exemplo para que nunca mais se repetisse esse triste episódio tão prejudicial
para nossa terra?
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