A lastimável extinção do Garanhuns Jazz
Festival está a exigir algumas observações de natureza econômica, ainda não
abordadas nem discutidas, mesmo porque somente agora surgiu uma estranha versão
de dificuldades financeiras da Prefeitura que nunca foram levantadas em
qualquer manifestação oficial do Município. Claro que ninguém de bom senso é
tão perdulário que ignore a crise econômica que domina o país e, não só a
Nação, como os 27 Estados e os 5.600 Municípios exigem uma política
parcimoniosa de despesas e criteriosa gestão na aplicação de recursos, mas o
panorama que se anunciava em nossa terra era de uma eterna bonança entre os
demais municípios brasileiros, sem quaisquer queixas sobre eventuais
dificuldades de ordem fiscal, financeira ou orçamentária.
Sem rebuscamentos técnicos, trazemos algumas
informações que nos obrigam à ligeiras reflexões sobre o tão discutido e já
consolidado Festival. Sem que possamos contar com qualquer explicação formal
por parte das autoridades municipais, somos obrigados a formular algumas
comparações, a partir dos instrumentos e de banco de dados disponibilizados
pela própria Prefeitura:
QUADRO DE
PESSOAL DA PREFEITURA (Folha salarial de novembro de 2015 do Gabinete do Sr.
Prefeito), conforme Portal de Transparência da Prefeitura:
Gabinete
do Prefeito – Oficiais de Gabinete (CC7)
1. Adejilson
Mendes da Silva
1.339,60
2. Carlos
Alexandre Lopes de Oliveira 1.182,00
3. Domingos
Alves da Silva
945,60
4. Ivanilda do
Nascimento Silva
788,00
5. José Geraldo
da Silva Santana 1.330,60
6. Josefa
Cândido Vicente
788,00
7. Luis Alves
do Nascimento
945,60
8. Oslen
Ferreira Albuquerque
1.182,00
9. Valdson
Eduardo Araujo Pádua 1.339,60
10. Valmira Vaz
Correia
1.597,00
11. Gilson
Ferreira do Nascimento 788,00
12. Luiz
Pinheiro da Silva
788,00
R$ 13.014,00
a)
Qual a razão de tantos Oficiais de Gabinete (DOZE! quando
sabidamente o Governador do Estado tem apenas SEIS)? Onde se acomodam para
trabalhar tantas pessoas simultaneamente, em quantos turnos de trabalho e
fazendo o que?
b)
Qual a razão da divergência de remuneração para cargos de idêntica
classificação que atinge diferenças de 100% (cem por cento)? A tabela de
pagamentos sugere que o salário base é de R$788,00 e à uma simples observação
aritmética, verifica-se que apenas 4 (quatro) recebem o salário básico. 2
(dois) recebem um adicional de 20%; 2 (dois) recebem um adicional de 50%; 3
(três) recebem um adicional de 70% e 1 (um) é coroado com um adicional de 100% ! Qual o critério e a base
legal adotados para a fixação dos proventos diferenciados, se os cargos
aparentemente são idênticos, têm a mesma nomenclatura legal, têm as mesmas
atribuições e são investidos da mesma responsabilidade?
Gabinete
do Prefeito – Chefe de Gabinete (CC2)
1. Adriana
Moreira Vila Nova Peixoto 7.200,00 R$7.200,00
Gabinete
do Prefeito – Secretário Executivo (CC2)
1. Roberto
Marques Ivo
6.120,00 R$6.120,00
Gabinete
do Prefeito – Assessor Especial do
Prefeito (CC2)
1. José Ary
Souto Leal Júnior
6.120,00
2. Ana Simone
Rodrigues da Silva
3.600,00
3. Antônio
Ferreira da Silva Neto
6.120,00
4. Josefa
Dulcinéia Borges Barbosa
3.600,00
5. Matheus Ferreira
da Rocha
6.120,00
6. Alcides
Rodrigues da Silva
6.120,00
7. Antônio
Carlos Souto
6.120,00
R$ 37.800,00
a) Observem que
todos os relacionados desfrutam do mesmo nível CC2.
b) Se os cargos de Chefia de Gabinete, Assessor
Executivo (?) e Assessor do Prefeito (7 - sete) têm a mesma Nomenclatura da
Tabela de Salários – (CC2) - porque
as remunerações são variáveis e vão de R$3.600,00 a R$7.200,00 ?
c) Qual a base
legal e o critério adotados para essa estranha discriminação, dentro de uma
mesma nomenclatura salarial ?
d) Existem
Assessores de Primeira e Segunda Classe ?
Gabinete do Prefeito - Assessor Executivo (CC3)
1. Valmi
Antônio de Azevedo 3.080,00
2. Rosalvo de
Almeida Júnior
4.760,00
3. Cynthya
Ruthyalle Sobral Benevides 3.080,00
R$ 10.920,00
a) O somatório
de assessores (Especial, Executivo e Secretário Executivo) alcança um total de
10 (dez) auxiliares que, ao que se sabe, é número bem superior aos do Governador
do Estado.
b) Idêntica
anomalia ocorre com os vencimentos dos Assessores Executivos (3 - três) (Nível CC3), com vencimentos variáveis de R$3.080,00 a R$4.760,00 e cabem
as mesmas indagações com relação aos dos demais exercentes de cargos comissionados,
uma vez que (presume-se...) têm as mesmas funções, atribuições, encargos e
responsabilidades ?
ENCARGOS MENSAIS DO GABINETE DO PREFEITO R$ 65.054,00
Acrescendo
os vencimentos mensais do Prefeito 20.000,00
TOTAL GERAL R$ 85.054,00
Destaque-se,
ainda, que a relação contém apenas os servidores comissionados do Gabinete do
Prefeito, excluída uma provável inserção de terceirizados e/ou contratados que
a folha de pagamento da Prefeitura não informa e, mesmo assim, totaliza um
dispêndio anual na ordem de R$1.020.648,00 (hum milhão, vinte mil e seiscentos
e quarenta e oito reais) que dariam praticamente para pagar dois Festivais de
Jazz, desde que de acordo com a informação prestada pela Secretaria Gerlane em
entrevista ao Jornal do Comércio, o orçamento estimado para o Garanhuns Jazz
Festival era de R$553.000,00 mas ainda sujeito à cortes eventuais.
Sem contar
que acabam de anunciar uma reforma do prédio da Câmara de Vereadores, que tem
apenas cinco anos de construído, no montante de exatos R$500.000,00 (quinhentos
mil reais). Que lamentável coincidência, não?
E mais, o
balanço econômico do Festival de 2015, informado no site oficial da Prefeitura,
resultou numa receita de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) como retorno
para o Município. Está lá para quem quiser conferir! Nessa
geração de renda em 2015 aportada pelo consumo dos visitantes, qual foi a
estimativa de recolhimento da receita de impostos e a sua projeção estimada
para o Festival de 2016?
Como se vê,
é muita coisa sem explicação razoável e lógica. Acredito que todos gostariam de
entender as razões que orientaram a precipitada decisão, inclusive essa
decantada relação custo/benefício tomada de chofre, sem qualquer discussão e de
forma precipitada e, ademais, infeliz pelo prejuízo material e imaterial
causado à nossa gente.
Permanece a
grande questão que todos fogem à sua abordagem e ninguém discute:
“OS RECURSOS APLICADOS NOS FESTIVAIS JÁ
CONSAGRADOS E CONSOLIDADOS SÃO DESPESAS OU INVESTIMENTOS ?”
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