Parece que a visita ao berço da
civilização latina não lhe fez bem, pois o nosso Prefeito Isaías continua
cometendo infelizes deslizes verbais. Aproveitou-se do sério ritual de sua
apresentação de contas do exercício de 2015 à Câmara de Vereadores, para fazer
acusações apressadas e não comprovadas ao Governo do Estado.
Ao esquecer da sua
responsabilidade de legítimo e supremo mandatário do Município, sem o menor
comedimento da liturgia do cargo e sem a menor cautela de comprovação, acusa de
forma leviana, sem nominar responsáveis:
“O Governo do Estado mandou a Assistência Social esconder
uma ambulância e (disse) peça a ambulância ao Município. Como se o Município
tivesse mais dinheiro que o Governo do Estado. Mande esconder a ambulância,
peça ao Município”, relatou o Prefeito de Garanhuns, durante discurso na
abertura do ano Legislativo da Câmara de Vereadores, realizada no auditório da
AESGA, na última segunda-feira, dia 1º. Segundo Régis uma assistente social do
Hospital Dom Moura teria lhe repassado a informação.”
(Fonte: Blog de Carlos Eugênio)
Meu caro Isaías: A dignidade
do cargo que você ocupa, não lhe permite a liberdade de prestar-se à condição
de delator, sem apontar os agentes responsáveis pelo cumprimento da ordem e
pela obediência à maluca determinação. O Governo (segundo a sabedoria popular,
Governo é muita gente!) do Estado é impessoal, caro amigo, e você teria a
obrigação e o dever institucional de nominar não só o autor desse desabrido
comando, como da assistente social que lhe informou e do subordinado que a
executou se é que aconteceu. E tudo isso obedecendo à liturgia do cargo que
ocupa (parece até que você não entendeu ainda!) através dos instrumentos
institucionais que devem presidir a relação entre as diferentes esferas do
poder.
A cooperação entre os Poderes
e a solidariedade entre os cidadãos para melhor atender à população, é apanágio
inarredável para o aperfeiçoamento das instituições e a consecução do bem
comum. Não deixe sua denúncia no vazio, nem na expectativa da abertura de
caixas pretas. Sua responsabilidade impõe que não deixe sua acusação no ar, sem
indicar os autores da ilicitude, para não se transformar em mera especulação
sem qualquer base fática ou comprovação. Inclusive para contribuir para um competente
inquérito administrativo com o objetivo de identificar o(s) autor(es) da
ilicitude cometida.
Até que fiquei feliz com a sua
acertada decisão de desistir do equivocado alargamento da Av. Ruy Barbosa, mas
volto a me preocupar com uma possível embriaguez de poder que parece lhe
encantar. Vou ser bem didático. O exercício da política exige uma busca
permanente dos pontos de convergência, respeitando as possíveis divergências
que eventualmente ocorrem entre os Poderes e todas as suas esferas e alçadas.
Por maiores que sejam ou pareçam ser os ocasionais desentendimentos, não se
pode perder de vista que o objetivo maior das governanças é o bem comum, mesmo
que, por vezes, essa postura possa ser estranha a quem tem sua mente bitolada por
estreitas visões do processo político.
Reconheço que não é fácil e
muitas vezes a gente se perde no tormentoso caminho da coerência, mas temos a
obrigação de persistir, considerando que a trilha da democracia é a mais árdua
vereda a seguir. Pertencemos a um país jovem com espasmos periódicos de
exercício democrático e, como você sabe e viveu muito bem, estamos atravessando
o mais longo período de prática democrática que o Brasil conheceu. Exige de todos nós que, acima dos interesses
pessoais e da luta pelo poder, não percamos de vista o interesse maior do bem
comum, tendo como objeto o povo brasileiro, sem esquecer que sua grande maioria
é composta de gente carente dos mais elementares direitos da cidadania.
Esse tipo de discussão não tem
a menor importância para a imensa maioria da população. O necessitado quer a
ambulância para lhe socorrer, pouco lhe importando a quem pertence o veículo.
Quer o remédio receitado para melhorar sua saúde ou, até, para salvar sua vida
que é preciosa para si e os seus familiares. Quer o exame laboratorial para identificar o
mal que lhe aflige e poder curá-lo, sem tornar-se devedor do “generoso” doador.
È obrigação do Estado, bem como do Município, prestar o benefício sem deixar o
assistido como escravo do favor, da mesma forma que o sedento não pode ser devedor
do carro-pipa que lhe levou uma lata dagua, nem o pobre submisso à escola
pública que educou seus filhos.
Cuidado amigo, que essa
incontinência verbal com acusações apressadas está lhe conduzindo à areias
movediças que são fáceis de acessar, mas muito difícil de se livrar. Não se
deve acusar quando não se pode provar.
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