domingo, 1 de março de 2015

BORBUREMA

Alí na Avenida Sto. Antônio – esquina com a descida para a Praça Jardim – em frente a Associação Comercial na época (HOJE Ferreira Costa) fazia ponto com sua cadeira de engraxate o negro já madurão conhecido como BORBUREMA.

Conhecido e considerado por toda gente, trabalhador, bom profissional, mas não dispensava o consumo regular de uma caninha que o mantinha aceso e predisposto a discursos políticos.
A sua paixão era a política e não perdia ocasião para fazer discursos entusiasmados para os seus candidatos, a qualquer hora e mesmo fora do período de eleições. Durante sua vida foi um dos mais fieis correligionários do Deputado Elpídio Branco que era sempre apregoado como tema de sua atividade oratória, em pé naquela esquina, com uma voz forte e retumbante, dispensando microfones.

Dispensável dizer que, na época das campanhas eleitorais crescia o seu empenho e dedicação, para demonstrar com mais frequência toda lealdade ao seu líder. Com pouca instrução era um Democrata radical e, apesar de suas convicções, cultivava um sentimento de tolerância exemplar com os adversários políticos.
Numa ocasião, em plena campanha eleitoral, estava fazendo uma pregação inflamada sobre as qualidades do seu candidato, que tinha como opositor o líder da UDN, Francisco Figueira.

Em plena oratória empolgada, recebeu aparte provocante de um transeunte:
“E o Coronel Figueira, Borburema, não presta ?”

Ao que ele de pronto respondeu, sem perder a calma e o fio do seu discurso:
“É muito bom cidadão, mas o Deputado Elpídio Branco é o nosso maior líder político e não existe nenhum capaz de vencê-lo !”

E prosseguiu imperturbável com o seu entusiasmado louvor ao seu candidato. Lição democrática de tolerância e convivência respeitosa com os adversários que nos está fazendo muita falta hoje em dia.
Já idoso pagou o preço das extravagâncias etílicas, acometido por uma famigerada tuberculose, e foi acudido pela generosidade de Dr. Othoniel Gueiros que prestou-lhe toda assistência médica e os remédios necessários à sua cura. Mas estava muito debilitado e, em face da fragilidade de suas defesas orgânicas, Othoniel observava que ele carecia de uma alimentação melhor, para melhorar seu estado geral.

Mas como, se era o sustento de uma família muito pobre e sem condições de trabalho ? Chegamos a contratar com o açougueiro Antônio Darré o fornecimento semanal de um peso de carne e alguns alimentos para melhorar sua mesa, mas não foi suficiente. Faleceu vítima da terrível doença.
Deixou uma família pobre e honrada que ainda hoje vive em Garanhuns, lá no Magano.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog, Sr. Ivan! De muita valia o senhor escrever sobre tantos fatos importantes da história de PE, gostaria que meu avô tivesse tempo de escrever também. Sou neto de Jaime Branco e bisneto de Elpídio! O senhor tem mais informações ou algum causo sobre eles? Estou organizando um pequeno livro para a família com informações e histórias do meu avô. Muito obrigado! Email: rgpbranco@hotmail.com

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