sábado, 25 de junho de 2016

AINDA A FALSA BATALHA DO FESTIVAL DE INVERNO

A verdade tarda mas chega e, por vezes, de forma inapelável. Uma simples e importante participação de cidadãos garanhuenses – realmente preocupados e dispostos a formarem uma corrente do bem VISANDO A GRANDEZA DE NOSSA TERRA, foi suficiente para restabelecer a real situação que cercava a organização do nosso 26º Festival de Inverno.
Evidenciado que nenhum representante do Governo do Estado falara em reduzir a importância do festival, foi realçada a disposição de lideranças empresariais de apoiar e, com determinação, contribuir para unir-se ao Poder Público, no sentido de garantir a qualidade de um evento que está consagrado há um quarto de século como um dos grandes eventos turísticos de toda a América Latina.

Não é novidade, para quem quer que seja, as dificuldades financeiras que todos os governos – do Federal aos Municipais – atravessam atualmente. Todos devem ter lido que nove Estados da Federação estão com pagamento de pessoal atrasado, sendo que alguns deles sequer pagaram o 13º salário de 2015! Pernambuco, de forma previdente, é um dos poucos que mantém o seu equilíbrio financeiro. De forma inteligente, as dificuldades foram contornadas garantindo a qualidade do nosso Festival do Inverno e, além disso, com grande melhoria em certos setores. Vale a pena aguardar a programação...

Deve ser realçada a multiplicidade cultural, verdadeira condicionante da diferenciação com os demais festivais que proliferam por aí, em tristes e pálidas imitações. A cidade não para... O nosso é inigualável, com sua efervescência cultural, com suas oficinas de artes, as manifestações populares espontâneas... vinte e quatro horas por dia durante dez dias ininterruptos...Não é apenas a figuração de cachês altos com artistas midiáticos que nem sempre correspondem à verdadeira paixão do povo e com um efeito colateral terrível representado pela eterna desconfiança sobre a autenticidade dos valores pagos... São nossos reisados, pastoris, bumba-meu-boi, cocos de roda com o povo dançando logo de manhã na avenida principal da cidade... São os contadores de história empolgando as crianças atentas, o acesso fácil à leitura, os lançamentos literários, os debates inteligentes... São a riqueza da beleza da obra dos nossos artesãos... São a oportunidade do surgimento constante de novos valores artísticos de todas as diversidades...São a variedade musical apresentada, desde a música erudita, MPB, gospel e o forró!

O Festival de Inverno de Garanhuns, bem como todos os outros festivais de nossa terra, não têm dono, não têm carimbo, nem patente ou escritura de propriedade. É do seu povo, meu caro amigo e Prefeito Izaías e, ainda bem, você entendeu a tempo. Viu como foi fácil... Ao invés de ficar numa atitude recalcitrante de coação ao Ministério Público e querer responsabilizar a bancada de oposição por querer cumprir o seu dever – MARAVILHA Izaías! – entendeu-se com a Secretaria de Cultura e a Fundarpe e acertaram os ponteiros do Estado e do Município.

Como disse nosso companheiro Alexandre Marinho, em recente postagem, estamos em tempo de vacas magras e o mais importante são as prioridades no serviço público e os objetivos eleitorais são dispensáveis. A Nação vive momentos difíceis e, como dizia D. Helder: “O POVO SABE E ENTENDE”. Mais importante que um show de “Safadão”, a preços estratosféricos, é a merenda nas escolas, o remedinho nos postos de saúde, o emprego que está faltando à juventude e que só se obtém com desenvolvimento e desenvolvimento só se obtém com o estímulo à atividade econômica. O Povo quer também o lazer e a diversão, sabe a sua medida e o seu julgamento é importante, pois conhece como ninguém as suas próprias necessidades. Ninguém ilude o povo, todo tempo e em qualquer circunstância.

Essa ladainha que cercou de forma lamentável a organização do Festival de Inverno, que é um tremendo investimento na medida, em que proporciona geração de emprego e renda, circulação econômica desde aos hoteleiros (ah! meus queridos e omissos amigos hoteleiros – maiores beneficiários dessa circulação – que parecem viver no mundo da lua!) ao vendedor de pipoca, nos arrasta à uma inevitável constatação e obriga-nos a reabrir a questão do ridículo cancelamento do Garanhuns Jazz Festival. O Poder Público Municipal ainda nos deve uma explicação convincente. Se era rentábil sob o ponto de econômico e cultural, e a cidade de Gravatá o acolheu sem dispender um centavo e apenas com o apoio da estrutura existente, por qual razão Garanhuns resolveu dispensá-lo? Qual foi o esquisito interesse contrariado? Como justificar o deserto em que se transformou Garanhuns durante os dias de Carnaval, com restaurantes fechados conforme fotos divulgadas nas redes sociais? E os Hotéis com índices ridículos de ocupação? Todos ganhariam ou não com a realização do Festival de Jazz, inclusive a Prefeitura e o povo de Garanhuns independente de suas preferências musicais?

Há anos que advirto que ao invés de querelas secundárias e pobres de conteúdo, não buscamos uma conjugação de esforços, a partir da convocação de todas lideranças para o aprimoramento dos nossos eventos culturais, inclusive sobre o grandioso Festival de Inverno que precisa de reformulação, novas ideias e formatação. Porque não se pensa de forma séria e consistente na formulação de novos e enriquecedores eventos para nossa cidade e nossa região? Ou, ao contrário, vamos continuar cancelando alguns eventos já consolidados que causaram prejuízos irreparáveis? Não se responsabiliza ninguém?

Porque não se pensa á mais tempo da necessidade de uma praça de eventos permanente e com estrutura definitiva que comporte o fluxo de público sempre crescente? De uma nova distribuição das atrações e criação de novos empreendimentos? Porque não colocamos nossa imaginação criadora na busca de novas atividades e enriquecimento deste magnífico festival? Porque não convocamos todas as forças vivas do Município para reformular e construir um planejamento através da atualização do nosso Plano Diretor - obsoleto e incompatível com o desenvolvimento desejado? O que nos obriga a tolerar a monotonia de sempre o mesmo, sem inovar, sem estimular ideias e sem desenvolver vocações? Vamos continuar conduzindo nossa terra perdendo posição e assistir outras cidades ultrapassando a nossa passividade, como na comparação que escrevi sobre o Complexo de Bruguelos, à eterna e cansativa espera da ave-mãe que venha nos alimentar? E até quando ficaremos nessa pasmaceira infinita? Aguardando migalhas e sobras de banquetes, sem assegurarmos aos nossos descendentes o lugar que merecemos?


O povo e, sobretudo, os comunicadores com a palavra!

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