domingo, 31 de janeiro de 2016

É DIFÍCIL ESQUECER O MALOGRADO FESTIVAL DE JAZZ

O assunto está ficando enfadonho e pode até parecer implicância, mas não é. Tenho amizade e respeito ao Prefeito Isaías que costuma dizer, para meu orgulho, que aprendeu a fazer politica comigo quando, ainda rapazinho, acompanhava minhas candidaturas no tempo da ditadura. Ele pode até não ter sido um aluno exemplar, mas faço-lhe justiça garantindo que isso é verdade, num tempo em que muitos que hoje possam de “democratas”, evitavam passar pela minha porta e mudavam de calçada para não me cumprimentar. Por isso o meu respeito.

Sou obrigado, entretanto, a observar os deslizes verbais que o prezado amigo vem cometendo reiteradamente e entendo que são preocupantes, por fugirem ao mais elementar bom senso. Primeiro foi a lamentável solidariedade prestada aos Secretários da Prefeitura que desobedeceram à Sra. Vice-Prefeita em pleno exercício do cargo, sob o pretexto absurdo de que seriam membros de sua equipe e, textualmente, afirmando que a Vice-Prefeita não tinha equipe. Transformou uma elementar questão institucional em uma ridícula querela pessoal!

Agora, para justificar uma desastrada decisão de cancelar o Garanhuns Jazz Festival, dispara desculpas não convincentes e as mistura com acusações inverídicas e despropositadas ao Governo do Estado, em recente matéria publicada pela Folha de Pernambuco, do dia 24 do corrente, e repercutida pelo blog de Carlos Eugênio. Convém transcrever uma parte dessa matéria:

“Izaías acusa Governo do Estado de tentar cooptar Prefeitos Oposicionistas
O Festival de Jazz, que acontecia em Garanhuns e será realizado em Gravatá é um dos exemplos da crise. A transferência da festividade passou pela falta de verbas por parte da Prefeitura, mas o Prefeito Izaías Regis (PTB) aproveitou a posição do Ministério Público de Contas de Pernambuco para criticar a postura do Governo do Estado, com relação à distribuição de recursos para o Carnaval. 

Régis tomou a decisão de não investir no Festival de Jazz e realizar uma modesta programação carnavalesca, por conta da baixa arrecadação. “ESTÁ TUDO CERTO. SALÁRIO ATRASADO NÓS NÃO TEMOS. MAS, COMO FEVEREIRO TEM UMA ARRECADAÇÃO PEQUENA, CORRÍAMOS O RISCO DE NÃO CUMPRIR COM A FOLHA DE PAGAMENTO. ACHO QUE A POSIÇÃO DO MPCO-PE ESTÁ CORRETA. AGORA, ESTOU SENTINDO QUE O GOVERNO DO ESTADO ESTÁ PATROCINANDO ALGUNS CARNAVAIS DE PREFEITOS DE OPOSIÇÃO PARA TRAZÊ-LOS PARA A SITUAÇÃO. A SECRETARIA DE TURISMO DO ESTADO DISSE QUE DARIA PARA O FESTIVAL O MESMO VALOR DO ANO PASSADO, R$ 120 MIL, MAS O MONTANTE AINDA NÃO FOI PAGO”, reclamou o Prefeito Garanhuense.”

Acusação gratuita, sem qualquer fundamento ou confirmação, incompatível com a responsabilidade de legítimo mandatário de Garanhuns e conflitante com a dignidade do cargo que ocupa. Além disso, suas declarações encerram algumas contradições que exigem explicação:

1º - Quando diz que “FEVEREIRO TEM UMA ARRECADAÇÃO PEQUENA” revela o óbvio ululante em face do Carnaval ter perdido sua tradição  em Garanhuns a muito tempo. Nossa população divide-se entre às idas para Olinda e Recife para curtir o Carnaval de lá, ou ir às praias curtir o sol ou, ainda, permanecer em casa assistindo o Carnaval pela televisão. Parece até que não informaram ao nosso ilustre alcaide que nos últimos oito anos, foi criado um tal de Garanhuns Jazz Festival que, conforme informação da própria Prefeitura, no último ano de 2015 promoveu uma ocupação de 95% de nossa rede hoteleira. Seguramente, portanto, que esse próximo fevereiro prenunciava uma arrecadação NÃO MAIS PEQUENA.

2º - Diz, profeticamente e sem qualquer comprovação, que está “SENTINDO QUE O GOVERNO DO ESTADO ESTÁ PATROCINANDO ALGUNS CARNAVAIS DE PREFEITOS DE OPOSIÇÃO PARA TRAZÊ-LOS PARA A SITUAÇÃO”. Essa sua percepção sensorial é fruto de pressentimento, bola de cristal, telepatia, mediunidade ou mera aleivosia?

3º - Quando complementa a aleivosia dizendo: “ESTÁ DANDO UM EXEMPLO TERRÍVEL. ELES VÃO ATRÁS DE PESSOAS DO PTB PARA OFERECER O CARNAVAL”, se obrigaria a esclarecer quem são os “ELES” (aliciadores referidos) e ademais relacionar quais foram as “PESSOAS DO PTB”, ou seja, quais foram os Prefeitos do PTB procurados. Por exemplo, o nosso Prefeito como Prefeito do PTB foi um dos procurados e ele afirma isso como “exemplo terrível” por ter sofrido o assédio ou se “sentiu” desprestigiado por ter não sido procurado?

4º - E quando afirma que o Secretário de Turismo do Estado “DISSE QUE DARIA PARA O FESTIVAL O MESMO VALOR DO ANO PASSADO, R$ 120 MIL, MAS O MONTANTE AINDA NÃO FOI PAGO”, aí eu não entendi mais nada, meu caro Isaías. Você não acha que manter a mesma verba do Estado, diante da crise, não seria de bom tamanho? E se a verba do Estado era para o Jazz Festival seria lícito liberar o seu pagamento antecipado, mesmo depois de declarada a extinção do Festival?

O mais lamentável nisso tudo é que de acordo com declarações formais e não desmentidas do Sr. Secretário Estadual de Turismo e do Sr. Prefeito de Gravatá, o Poder Público não está gastando um centavo, sequer, com o Festival de Jazz em Gravatá, uma vez que  está sendo bancado por patrocínios privados. Não seria mais acertado que, ao invés de estar “chorando o leite derramado”, reconhecer o erro cometido e tomar o bom exemplo para que nunca mais se repetisse esse triste episódio tão prejudicial para nossa terra?


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A PARABOLA DO FARISEU E O PUBLICANO

Há dois mil anos atrás, Cristo já pregava a humildade que as pessoas deveriam manter, mesmo nas orações diante de Deus, quando se dispensam de confessar e reconhecer os seus pecados, com a pretensão egoísta de se colocarem acima dos seus semelhantes.

O ensinamento bíblico é citado apenas no Livro de Lucas, Capítulo 18, Versículo 14, e refere a história de um fariseu obcecado por sua própria virtude que é contrastado por um publicano que, humildemente, pede a Deus misericórdia. Diz o texto da parábola anunciada por Cristo:

“Subiram dois homens ao templo para orar: um fariseu e outro publicano.
O fariseu, posto em pé, orava dentro de si desta forma: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
O publicano, porém, estando a alguma distância, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim pecador.
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; PORQUE TODO O QUE SE EXALTA, SERÁ HUMILHADO; MAS O QUE SE HUMILHA, SERÁ EXALTADO.”

Como se vê, de há muito o próprio Cristo condenava os que renegam a humildade, e  esquecendo a bondade, abrigam no coração, apenas, o sentimento indisfarçado de colocarem-se acima dos seus semelhantes e, até, diante de Deus.

Por isso mesmo, fiquei encantado com a decisão do Papa Francisco, quando determinou que todas as paroquias abrigassem, pelo menos, duas famílias de imigrantes. Isso, para mim, é SOLIDARIEDADE que nivela os homens e não a caridade que mantém a desigualdade infamante. 

Da mesma forma que o rancor e o ódio no coração só fazem mal a quem os abriga, igual malefício causa também a quem agasalha a empáfia e a arrogância, na pretensão idiota de se sobreporem a seus iguais. Triste, muito triste o maldito exemplo que assistimos muitas vezes, demonstrado por uma postura prepotente de quem se imagina acima do bem e do mal e, o que é mais contundente, superior a todo o universo que o cerca.

Será que estamos perdendo a noção de nossa pequenez? De nossa insignificância diante de tanta desigualdade, tanta miséria, tanta violência que não conseguimos conter e, por vezes, ainda estupidamente a estimulamos? Da inversão de valores que estamos alimentando com o endeusamento do supérfluo e do dispensável?

É lastimável, mas esse é outro grande mal que se apoderou, de forma doentia, do nosso corpo social, que está a exigir correção, reparo e reprimenda pela própria sociedade. Praza aos céus que se extinga, para prevalência da solidariedade que deve presidir a conduta humana.


domingo, 24 de janeiro de 2016

A SAÚDE EM GARANHUNS

A propósito de uma entrevista do Secretário Adjunto da Saúde de Garanhuns, em resposta a declarações de um médico do Hospital D. Moura, gostaria de comentá-la sem entrar no mérito da questão, não só por não ser especialista no ramo, como por reconhecer que a questão da saúde é um grave problema no Brasil inteiro decorrente de deficiências estruturais muito sérias. A imprensa nacional nos dá notícia do fechamento de hospitais no Rio de Janeiro e de estarrecedora informação do Município do Rio de Janeiro emprestando dinheiro ao Estado do Rio de Janeiro para acudir a combalida saúde naquele Estado.

Ninguém assume nem quer resolver, o terrível problema de saúde pública causado em grande parte pelos acidentes de moto que, pelo menos em nosso Estado, arrebentaram a estrutura de emergência em saúde, ocupando sistematicamente cerca de 60% dos atendimentos dos leitos de emergência, sem contar que a permanência em recuperação dos pacientes acidentados é mais longa do que os pacientes comuns.

Ninguém ousa contrariar a produção e venda de motos, os consertos, a venda de sobressalentes, a geração de empregos e os sonhos de consumo da classe D emergente que, ao conseguir o primeiro emprego, compromete logo o primeiro salário para comprar uma “cinquentinha” com prestações mensais de cem reais. Para isso, foi tida como positiva a implantação da fábrica Shineray em Pernambuco que vai jogar nas ruas todo mês 20.000 motos novas! Positiva pela economia e fatídica pela saúde!

Da mesma forma, ninguém quer gastar com qualificação, reciclagem e treinamento dos motoqueiros e, o que é mais grave, ninguém quer assumir o desgaste político da repressão às transgressões, indisciplinas e verdadeira delinquência de uma boa parte deles.  

Lembro que na campanha política de 2006, Eduardo Campos foi criticado quando prometeu três novos hospitais na Região Metropolitana, considerados pelos opositores como desnecessários; os construiu e estão funcionando com plena capacidade, além de 12 UPA’s, e quase nada aliviou as emergências dos hospitais existentes. Nas cidades de porte médio, as motos viraram sucedâneos do transporte coletivo e dos taxis e até na zona rural substituíram o cavalo para tanger boiada.

Procurem as estatísticas alarmantes do Hospital D. Moura, quanto a acidentados de motos, sem contar os que são transferidos para outros centros hospitalares e os que passam direto para os necrotérios. Conclui-se, na verdade, que o problema de saúde no Brasil é muito mais complexo do que parece, quando se discute apenas aporte de verbas, conduta de servidores da saúde, carência de equipamentos, etc. esquecendo a crescente e assustadora produção de acidentados em escala geométrica (evitáveis, em parte, por providências preventivas).

Lembraria ao prezado Secretário Adjunto da Saúde apenas umas pequenas observações de natureza genérica sem discutir questões de natureza técnica que eu não entendo, a saber:
a)  
    Quando ele diz que “a Secretaria de Saúde de Garanhuns está bem estruturada e atende diariamente, quatro mil pacientes” esquece que esse excepcional atendimento de sua Secretaria representaria um atendimento mensal em torno de 100.000 pessoas que equivaleríam, na prática, a cerca de 80 (oitenta por cento) da população do Município. É apenas uma simples questão aritmética: não acha  um pouco de exagero afirmar que os 36 Postos de Saúde do Município atendem todo mês cerca de 80 (oitenta por cento) da população de Garanhuns? Mesmo admitindo a hipótese absurda de toda população de Garanhuns ser ou estar doente, o que restaria para ser atendido pelos Hospitais Dom Moura, UPAE, Infantil, Perpétuo Socorro e de outros órgãos que também atendem SUS, além de planos de saúde e particulares? Pelos índices estatísticos, significa que cada cidadão de Garanhuns é atendido em rodízio oito vezes por ano nos Postos de Saúde Municipais ?

b)      Quando ele “lembrou que aos sábados as Unidades Municipais de Saúde estão fechadas”, pode-se inferir que essas Unidades funcionam apenas durante os dias úteis? Se verdadeira, essa circunstância faz-me lembrar do meu tempo de Presidente da Cilpe, quando me defrontei com um problema criado por uma Usina de Leite concorrente ao recusar o recebimento de leite dos seus fornecedores, nos fins de semana, sob o pretexto de que não vendiam leite aos consumidores nesse período. Lembrando a famosa tirada do simplório e genial Garrincha, simplesmente perguntei: E COMBINARAM ISSO COM AS VACAS ? Por isso ousaria fazer ao caro Secretario de Saúde Adjunto a mesma pergunta: E COMBINARAM COM OS PACIENTES PARA NÃO ADOECEREM DURANTE OS FINS DE SEMANA? E COMBINARAM, TAMBÉM, COM OS MICRÓBIOS, COM OS BACILOS, COM OS VIRUS PARA NÃO ATACAREM E COM OS INFORTÚNIOS PARA NÃO OCORREREM NESSES PERÍODOS?


Entendo que a população necessita, ainda, de uma melhor informação, sobre o adiamento da implantação da UPA prevista para junho de 2016 e que segundo o prezado Secretário Adjunto Harley Davidson somente ocorrerá em 2017, sem esclarecer as razões técnicas, financeiras ou operacionais dessa protelação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

PRESERVAÇÃO DE PRÉDIOS HISTÓRICOS DE GARANHUNS

A propósito de um bom debate levantado no Facebook, sobre a demolição do “castelinho” de Dr. Rubem, dirigi um comentário aos amigos Antônio Ricardo e Wanderley, ajudando com minha memória a esclarecer algumas dúvidas e, ao mesmo tempo, suscitar uma questão fundamental para o resgate da História de Garanhuns:

“Vocês estão certos quanto as observações sobre a natureza e reconhecimento da importância de certos prédios e logradouros, tidos como históricos e marcantes. Faz-se necessário um processo legal para esse reconhecimento.

Quanto ao "antigo Forum" da Dantas Barreto, ele ainda está lá e não tem nada de histórico. Vocês, na verdade, estão falando do prédio que abrigou as Mercedárias por algum tempo, depois o Colégio Meridional e hoje é um estacionamento. No meu tempo de menino - e bote tempo nisso - abrigou o Hotel Mota e lembrem que sou um aldeão da Rua Dantas Barreto onde me criei.

Lamentável, mas existe um péssimo costume em nossa terra de assistir os malfeitos sem reclamar e, somente muito tempo depois, é que vem o lamento e a constatação da desgraça ocorrida. Porque esperar que as coisas aconteçam e depois, tardiamente, ficar buscando culpados ?

Somos todos responsáveis, queridos amigos, por conta de nossa passividade. A sabedoria popular diz que quando os bons se afastam pelo desencanto, os maus tomam conta de tudo pela perversidade.

Porque não acender uma vela ao invés de reclamar da escuridão e somente fechar a porta depois da casa arrombada ? Porque, ao invés da cômoda omissão, não assumir uma ação propositiva e concreta para, previamente, estabelecer critérios e pressupostos destinados à uma segura salvaguarda de imóveis a serem protegidos ?

Já que o Poder Público não assume a proteção dos nossos monumentos, porque não exercitamos melhor a nossa cidadania, mediante a iniciativa de um movimento no sentido de promover um LEVANTAMENTO SÉRIO E FUNDAMENTADO de todos os prédios e áreas que, por sua importância na vida da cidade, exigiriam ser preservados ?

Mesmo sem consulta, duvido que não contássemos para isso com o apoio do Instituto Histórico de Garanhuns (aí companheiros!), da Seção local da OAB, da Academia de Letras, dos centenários Colégios de Garanhuns, das Lojas Maçônicas, dos Clubes de Serviços, dos Blogs de todas as tendências – com especial menção aos arquivos do amigo Anchieta Gueiros, e o Grupo “Fatos e Fotos Antigas” lideradas por Corina Valença; além de todos os cidadãos, enfim, com  as contribuições de seus registros familiares.


Vamos fazer a nossa parte, para depois reclamar! Estou (meio) velho e cansado, mas pronto para a luta. Não é uma boa ideia e uma boa briga, valendo a pena encarar ?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

CARTA A ISAÍAS

Meu caro amigo Isaías:

O Blog de Carlos Eugênio publicou em recente postagem uma referência à declarações suas que ouso comentar:

“o Prefeito Izaías Régis (PTB) considerou “normal” o fato de alguns Secretários terem deixado de cumprir as atribuições repassadas por Rosa Quidute. “Isso é normal. É uma equipe. A equipe é formada pelo Prefeito. A Vice-prefeita não tinha equipe. Então é normal que a equipe defenda o Prefeito. Então isso não é coisa de se estranhar”, pontuou Izaías.”

Caro amigo: Os exercentes de cargos públicos são mandatários da vontade popular e, por consequência, ao assumirem o mandato ou função que lhes foi conferido deixam de ser representante de uma facção, partido ou grupo, para serem – no seu caso – Prefeito de todos os garanhuenses.

Desculpe a intromissão, mas a equipe de  secretários municipais como você próprio bem diz: é “formada pelo Prefeito” e nomeada pelo Prefeito e a partir de suas posses, institucionalmente, tornam-se SECRETÁRIOS DO MUNICÍPIO E NÃO SECRETÁRIOS de Isaias, de Manoel, de Pedro, de  José ou de  quem  quer que seja. Rosa Quidute simplesmente, nos termos do mandamento constitucional estava em exercício do cargo Prefeito do Município e, como tal, teriam que ser obedecida por todos os Secretários, sobretudo como você esqueceu e, em ato falho,  diz com ênfase: ”É normal que a equipe defenda o Prefeito”.

Só, Isaías, que na ocasião o Prefeito não era você e quem não queria obedecer ao Prefeito legalmente constituído, devia ter a hombridade de renunciar ao cargo para não cometer insubordinação.

Isso está sendo uma das causas do desastre administrativo em que a Nação está metida, em todos os setores da atividade humana. Todos que assumem qualquer parcela de poder – até os síndicos de edifício – visam logo aparelhar as máquinas e instrumentos administrativos para o manipular como se fossem coisa particular, em estranho e inusitado patrimonialismo.


Vamos com  calma, caro amigo, você é legitimado como supremo representante de Garanhuns, tanto quanto o Vice-Prefeito ao assumir o cargo. Esse sentimento de propriedade do Município não é bom pra ninguém. Não alimente indisciplina de seus subordinados, pois um dia poderá ser voltada contra você. Grande abraço de Ivan Rodrigues

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

AINDA A QUESTÃO DA TRISTE EXTINÇÃO DO FESTIVAL DE JAZZ

A lastimável extinção do Garanhuns Jazz Festival está a exigir algumas observações de natureza econômica, ainda não abordadas nem discutidas, mesmo porque somente agora surgiu uma estranha versão de dificuldades financeiras da Prefeitura que nunca foram levantadas em qualquer manifestação oficial do Município. Claro que ninguém de bom senso é tão perdulário que ignore a crise econômica que domina o país e, não só a Nação, como os 27 Estados e os 5.600 Municípios exigem uma política parcimoniosa de despesas e criteriosa gestão na aplicação de recursos, mas o panorama que se anunciava em nossa terra era de uma eterna bonança entre os demais municípios brasileiros, sem quaisquer queixas sobre eventuais dificuldades de ordem fiscal, financeira ou orçamentária.

Sem rebuscamentos técnicos, trazemos algumas informações que nos obrigam à ligeiras reflexões sobre o tão discutido e já consolidado Festival. Sem que possamos contar com qualquer explicação formal por parte das autoridades municipais, somos obrigados a formular algumas comparações, a partir dos instrumentos e de banco de dados disponibilizados pela própria Prefeitura:
QUADRO DE PESSOAL DA PREFEITURA (Folha salarial de novembro de 2015 do Gabinete do Sr. Prefeito), conforme Portal de Transparência da Prefeitura:

Gabinete do Prefeito – Oficiais de Gabinete (CC7)
1.     Adejilson Mendes da Silva                                            1.339,60
2.     Carlos Alexandre Lopes de Oliveira                           1.182,00
3.     Domingos Alves da Silva                                                   945,60
4.     Ivanilda do Nascimento Silva                                          788,00
5.     José Geraldo da Silva Santana                                       1.330,60
6.     Josefa Cândido Vicente                                                       788,00
7.     Luis Alves do Nascimento                                                 945,60
8.     Oslen Ferreira Albuquerque                                          1.182,00
9.     Valdson Eduardo Araujo Pádua                                    1.339,60
10.  Valmira Vaz Correia                                                         1.597,00
11.  Gilson Ferreira do Nascimento                                         788,00
12.  Luiz Pinheiro da Silva                                                          788,00                           
                                                                                        R$  13.014,00
a)    Qual a razão de tantos Oficiais de Gabinete (DOZE! quando sabidamente o Governador do Estado tem apenas SEIS)? Onde se acomodam para trabalhar tantas pessoas simultaneamente, em quantos turnos de trabalho e fazendo o que? 
b)    Qual a razão da divergência de remuneração para cargos de idêntica classificação que atinge diferenças de 100% (cem por cento)? A tabela de pagamentos sugere que o salário base é de R$788,00 e à uma simples observação aritmética, verifica-se que apenas 4 (quatro) recebem o salário básico. 2 (dois) recebem um adicional de 20%; 2 (dois) recebem um adicional de 50%; 3 (três) recebem um adicional de 70% e 1 (um) é coroado com um  adicional de 100% ! Qual o critério e a base legal adotados para a fixação dos proventos diferenciados, se os cargos aparentemente são idênticos, têm a mesma nomenclatura legal, têm as mesmas atribuições e são investidos da mesma responsabilidade?

Gabinete do Prefeito – Chefe de Gabinete (CC2)
1.     Adriana Moreira Vila Nova Peixoto                                  7.200,00            R$7.200,00
Gabinete do Prefeito – Secretário Executivo (CC2)
1.     Roberto Marques Ivo                                                            6.120,00           R$6.120,00
Gabinete do Prefeito – Assessor Especial do Prefeito (CC2)
1.     José Ary Souto Leal Júnior                                                     6.120,00
2.     Ana Simone Rodrigues da Silva                                           3.600,00
3.     Antônio Ferreira da Silva Neto                                             6.120,00
4.     Josefa Dulcinéia Borges Barbosa                                         3.600,00
5.     Matheus Ferreira da Rocha                                                   6.120,00
6.     Alcides Rodrigues da Silva                                                     6.120,00
7.     Antônio Carlos Souto                                                               6.120,00
                                                                         R$ 37.800,00
a)     Observem que todos os relacionados desfrutam do mesmo nível CC2.
b)      Se os cargos de Chefia de Gabinete, Assessor Executivo (?) e Assessor do Prefeito (7 - sete) têm a mesma Nomenclatura da Tabela de Salários – (CC2) - porque as remunerações são variáveis e vão de R$3.600,00 a R$7.200,00 ?
c)      Qual a base legal e o critério adotados para essa estranha discriminação, dentro de uma mesma nomenclatura salarial ?
d)     Existem Assessores de Primeira e Segunda Classe ?
                                                                                                                                  
  Gabinete do Prefeito - Assessor Executivo (CC3)
1.     Valmi Antônio de Azevedo                                                       3.080,00
2.     Rosalvo de Almeida Júnior                                                       4.760,00
3.     Cynthya Ruthyalle Sobral Benevides                                     3.080,00      
                                                                                                R$ 10.920,00
a)    O somatório de assessores (Especial, Executivo e Secretário Executivo) alcança um total de 10 (dez) auxiliares que, ao que se sabe, é número bem superior aos do Governador do Estado.
b)    Idêntica anomalia ocorre com os vencimentos dos Assessores Executivos (3 - três) (Nível CC3), com vencimentos variáveis de R$3.080,00 a R$4.760,00 e cabem as mesmas indagações com relação aos dos demais exercentes de cargos comissionados, uma vez que (presume-se...) têm as mesmas funções, atribuições, encargos e responsabilidades ?
                                                                                                                                                                                  ENCARGOS MENSAIS DO GABINETE DO PREFEITO                                                                                                                                                                     R$ 65.054,00      
                       Acrescendo os vencimentos mensais do Prefeito                          20.000,00
                                                                                    TOTAL GERAL           R$ 85.054,00

Destaque-se, ainda, que a relação contém apenas os servidores comissionados do Gabinete do Prefeito, excluída uma provável inserção de terceirizados e/ou contratados que a folha de pagamento da Prefeitura não informa e, mesmo assim, totaliza um dispêndio anual na ordem de R$1.020.648,00 (hum milhão, vinte mil e seiscentos e quarenta e oito reais) que dariam praticamente para pagar dois Festivais de Jazz, desde que de acordo com a informação prestada pela Secretaria Gerlane em entrevista ao Jornal do Comércio, o orçamento estimado para o Garanhuns Jazz Festival era de R$553.000,00 mas ainda sujeito à cortes eventuais.

Sem contar que acabam de anunciar uma reforma do prédio da Câmara de Vereadores, que tem apenas cinco anos de construído, no montante de exatos R$500.000,00 (quinhentos mil reais). Que lamentável coincidência, não?

E mais, o balanço econômico do Festival de 2015, informado no site oficial da Prefeitura, resultou numa receita de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) como retorno para o Município. Está lá para quem quiser conferir! Nessa geração de renda em 2015 aportada pelo consumo dos visitantes, qual foi a estimativa de recolhimento da receita de impostos e a sua projeção estimada para o Festival de 2016?

Como se vê, é muita coisa sem explicação razoável e lógica. Acredito que todos gostariam de entender as razões que orientaram a precipitada decisão, inclusive essa decantada relação custo/benefício tomada de chofre, sem qualquer discussão e de forma precipitada e, ademais, infeliz pelo prejuízo material e imaterial causado à nossa gente.

Permanece a grande questão que todos fogem à sua abordagem e ninguém discute:

 “OS RECURSOS APLICADOS NOS FESTIVAIS JÁ CONSAGRADOS E CONSOLIDADOS SÃO DESPESAS OU INVESTIMENTOS ?”







terça-feira, 5 de janeiro de 2016

SAUDOSOS SABORES DA INFÂNCIA



Quem não lembra, vez em quando, de algumas gostosuras saboreadas na infância, estalando a língua,  enchendo a boca d’água e sentindo até o cheirinho recordado. Em todas as reuniões que agreguem “pessoas de idade” (qual a razão dessa expressão que nunca entendi ?) é quase certo que se fale em alguma comidinha nunca mais degustada. Chego a ter pena das crianças de hoje em dia que não experimentaram e sei que nunca a experimentarão, como nós tivemos chance de desfrutar.

O pior é que, cada vez que conseguimos resgatar algumas dessas saudosas lembranças gustativas, vem a decepção de perceber que não têm mais o gosto de antigamente. Como dizem hoje em dia de forma pedante, imagino que seria necessário “contextualizar” para resgatar o mesmo sabor! Mesmo assim, vale a pena recordar alguns desses sabores maravilhosos que encantaram a nossa meninice!

Tenho uma saudade muito grande de duas pequenas frutas, nativas e abundantes nos tabuleiros do entorno de Garanhuns e recolher as frutinhas era a grande distração da meninada nos tempos da safra. Ali no tabuleiro do Quilombo, onde hoje é o bairro da Brasília tinha demais e, durante a safra, a farra era grande. Eram arbustos de pequeno porte, o que facilitava demais a sua colheita e a gente enchia sacolas delas. Uma delas o PIRIM, do mesmo formato e menor do que o araçá, do tamanho de uma ervilha, que a gente juntava um punhado na mão e jogava na boca. Docinha e de ótimo paladar, era também vendida nas feiras em sacos e a medida era um potinho. Foi totalmente erradicada, desde muitos anos e nunca mais se teve notícias da frutinha que só deixou a saudade. Desapareceu para nossa tristeza!

Outra, o CAJUÍ, um pequeno caju em miniatura com castanha pequenina parecendo uma miniatura japonesa. Também desapareceu a muitos anos dos tabuleiros e passamos todo esse tempo sem avistar uma fruta sequer e é natural que bem poucos ainda se lembrem. Quando também dava como perdida, o meu Compadre Tonho descobriu não sei aonde e trouxe, pressuroso, alguns exemplares do Cajuí que tive o maior cuidado em recolher as castanhas e tentar germiná-las. Deu uma trabalheira danada e consegui fazer alguns pés que, transplantadas no meu quintal em Garanhuns e no terreno da praia no Xaréu, não vingaram, à exceção de um que resistiu heroicamente no quintal da casa de meu filho, Pedro Leonardo, no Poço da Panela e começou a safrejar de uns poucos anos para cá. Está lá, bonito e vigoroso, produzindo bastante e com uma impressionante uniformidade de frutos sadios. Tive a lembrança de fotografar para documentação, vejam o tamanho dos cajuís e que coisa mais linda a ilustração dessa postagem. Para quem se lembra, matem a saudade apenas com a visão, porque infelizmente não tem quantidade bastante para todo mundo matar a saudade do sabor !

Vale recordar, por exemplo, dos BOLINHOS DE FEIJÃO que, na mesa do almoço, a matriarca preparava, machucando carinhosamente na mão o feijão caseiro já cozido com toucinho, charque, alguns legumes e tempero verde, acrescido de farinha e distribuído às crianças pressurosas, de mão em mão, e a disputa era sempre acirrada. Que delícia e, reconheçamos, que alimento saudável e bem diverso dos famigerados “hamburguers” da vida...

A retirada das crianças da cama logo cedinho para, apanhando o seu copo já com uma medida de chocolate no fundo, irem em bando ao curral diretamente colher o LEITE NO PEITO DA VACA. O jato forte de leite no copo provocava a formação de farta espuma que, ao ser bebido, deixava uma marca (bigode) inconfundível em torno da boca de cada um e era sempre motivo de brincadeira. Leite puro, nutritivo e saboroso, diferente dos leites modificados oriundos de uma mistificada cultura de consumo de supérfluos, a pretexto de dietéticos. Ninguém lembra mais que até hoje nunca se inventou, nem a natureza criou, alimento mais completo do que o leite. A coisa é tão absurda que ousam até substituir o leite materno...

Lamento quem não teve a satisfação de CHUPAR JABUTICABAS, colhendo diretamente na jabuticabeira. Os troncos inteiramente cobertos pelos frutos das variedades "cabrita" ou "cabeluda", que se amontoam como um enxame de abelhas, e sempre doces que nem mel. Era só encostar-se no pé, colhendo e chupando sem parar até empanturrar. A razão da diferença de doçura da jabuticaba colhida e chupada na hora é que a fruta tem uma fermentação muito alta; tão logo colhida começa a fermentar e reduz o nível de doçura. Chupar no pé da jabuticaba faz diferença! O problema sério é que engolindo muito caroço, com o seu alto teor de tanino, corria-se o risco de constipação intestinal (entupimento!) e aí era um Deus nos acuda para desobstruir.

Não sei exatamente o seu nome, mas chamávamos de FUBA DOCE de milho que, nos tempos de menino, minha mãe fazia torrando milho seco, moía no pilão e adicionava açúcar, transformando a mistura numa espécie de farinha bem fina e adoçada. Usávamos como lanche ou sobremesa e servia como pagode da meninada para, falando, soprar a fuba na cara dos outros. Era uma delícia e ainda servia como instrumento de molecagem.

Quando íamos à alguma fazenda que tivesse fábrica de queijos, uma das maravilhas era a RASPA DE QUEIJO dos tachos que, depois de escorrido para as formas, o resto que ficava aderido às paredes do tacho era adicionado e raspado com farinha ou, raramente, com açúcar resultando numa mistura muito gostosa e servia-se ainda bem quentinha. A expectativa do fim do cozimento do queijo para retirar a raspa de queijo era ansiosa e o lanche maravilhoso. Verdadeiro acepipe!

E quem recorda a COALHADA ESCORRIDA ? Nas fabriquetas de queijo existentes nas fazendas, punha-se para talhar uma boa quantidade de leite puro e quando talhado era levado ao fogo por pouco tempo, para facilitar a separação do soro. Era colocado numa mochila e deixava-se pendurada para escorrer todo o soro até ficar somente a massa bem enxuta, sequinha e escorrida. Por isso, a denominação de “Coalhada Escorrida”. Depois disso adicionava-se uma boa quantidade de creme de leite fresco e rapadura bem raladinha para adoçar. Que delícia e que sobremesa de reis!

De alguns tempos para cá, virou moda em Pernambuco, com muito sucesso e razoável exploração comercial, a tapioca de goma de mandioca. Com extenso cardápio de recheios dos mais variados sabores, a exemplo do acarajé na Bahia, impõe-se como modelo da cultura culinária de Pernambuco, disseminado em todas as feirinhas populares das cidades notadamente como padrão no Alto da Sé em Olinda e nos restaurantes dos mais sofisticados hotéis das cidades e até constituindo um pequeno e exclusivo arruado de tapiocarias à margem da BR-232, após o distrito de Bonanza, em frente ao Engenho Itamatámirim de Ney Maranhão. Até a Presidenta fez o famoso elogio da Mandioca... Mas ninguém conseguiu matar a nossa saudade das TAPIOCAS E BEIJÚS ENSOPADOS no leite e envolvidas em palhas de bananeira que, tradicionalmente, eram feitas pelas negras do Castaínho vendidas nas feiras de Garanhuns e adotadas pelas casas de família nos seus cardápios domésticos. A diferença é que o único recheio usado era a flor do côco fresquinho e ralado na hora. Que alimento maravilhoso!


Pra não ficar enfadonho, deixo esta lista por aqui e depois voltaremos com a ajuda de todos os companheiros, para recordar outros sabores nunca esquecidos.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

NOTA EQUIVOCADA DA CÂMARA DE GARANHUNS

Com referência à uma nota de repúdio ao Governador Paulo Câmara aprovada na Cãmara Municipal, só tenho a lamentar que a nossa Câmara de Vereadores, que não fez a menor manifestação acerca da malfadada extinção do Festival de Jazz, esteja se ocupando de assuntos inócuos e dispensáveis.

Explico: Meu querido parente e amigo Audálio Filho, de forma açodada e sem maiores informações, escreve na justificação do seu projeto que o mestre Michel Zaidan “VEM SOFRENDO UMA GRANDE PERSEGUIÇÃO POR PARTE DO GOVERNADOR PAULO CÂMARA QUE VEM MOVENDO UMA AÇÃO CONTRA O EDUCADOR”, sem explicitar maiores detalhes sobre a questão.

Pra começo de conversa, nosso Audálio situa sua observação no tempo de gerúndio para dar a entender que a perseguição é constante e persistente. Até parece que o Governador não tem outros afazeres para cuidar, com a Nação em crise, o desemprego aumentando, Estados e Municípios pagando salários com atraso e em Pernambuco o objetivo mais importante é a farisaica desculpa de “liberdade de expressão” utilizada por um articulista, ao descambar para o terreno pessoal e atingir o Governador que se sentiu violentado em sua honra pessoal. Todos sabem que liberdade sem responsabilidade, em qualquer circunstância, é anarquia e anti-democrática, na medida em que atingir à honra alheia.

O que chamam de “grande perseguição” foi a única iniciativa do Governador de recorrer à Justiça (não é assim que se faz nos Estados de Direito?) para reclamar dos seus direitos de ofendido. Desafio qualquer um para indicar qualquer outro ato, ou providência, ou declaração, ou medida no sentido de perseguição ao nosso ilustre mestre e conterrâneo, filho de querida família garanhuense e criado na circunscrição das sete colinas. Até porque é servidor federal, cujo chefe imediato é o nosso parente e amigo Reitor Anísio Brasileiro, também aldeão das sete colinas e que tem como supremo mandatário, como todos nós, a Presidente Dilma.

Desde quando, Srs. Vereadores, recorrer à Justiça em exercício do seu direito de cidadania, representa uma “grande perseguição” a quem quer que seja ? Isso é democracia, senhores, e a sua prática deve ser vigilante e constante para que, em nome dela, não sejam praticados os piores crimes.  Muitos dos que hoje arrotam os jargões democráticos, passaram os longos anos dos regimes de exceção aplaudindo e apoiando as torturas e mortes nos porões do sistema. Continuo reiterando como um carma:
“A coerência é o mais espinhoso caminho da democracia!”

AINDA A TRISTE EXTINÇÃO DO FESTIVAL

É muito difícil calar-se diante do sepulcral, mas estrepitoso, silêncio da Prefeitura de Garanhuns acerca da inesperada extinção – a 40 dias do seu início - do Festival de Jazz de Garanhuns, em sua 9ª Edição, já consagrado nacionalmente e bem sucedido artística e economicamente, conforme informação oficial no próprio site da Prefeitura após a sua 8ª edição, como se constata e foi resgatado por Ronaldo Cesar, em seu blog.
Somente após a explosão da malfadada notícia, em declaração ao Jornal do Comércio, na primeira página do Caderno C do dia 19 do corrente, é que a Secretária Gerlane Melo (sem qualquer intervenção do Sr. Prefeito) declara que “a decisão foi tomada de maneira coletiva por outras secretarias envolvidas no planejamento. A gente teve a sensibilidade da importância do evento, porém com a crise econômica que todos os municípios estão passando, nós tínhamos que abrir mão de um dos grandes eventos que realizamos. E o resultado do levantamento nos trouxe os dados de que o jazz era o que tinha o maior custo/benefício. Ele foi suspenso, mas deve ser retomado em 2017.”.
Depois dessa declaração de Gerlane como representante do coletivo das “SECRETARIAS ENVOLVIDAS NO PLANEJAMENTO”, apenas uma nota tida como oficial da Prefeitura, anódina e sem explicar nada, deixa muitas dúvidas no ar que ensejam indagações pertinentes a quem falou em nome da Prefeitura:
a)    Poderíamos saber quais foram as “secretarias envolvidas no planejamento” que tomaram a decisão ?
b)    O Sr. Prefeito não participou da decisão e ela foi tomada apenas por algumas “secretarias envolvidas no planejamento” ?
c)    Como até então nunca se falou a respeito, a Prefeitura de Garanhuns está passando por alguma crise financeira ?
d)    Em nome da transparência legal e necessária, porque não se divulga o “resultado do levantamento” e os demais custos/benefícios para comparação com os outros festivais citados ?
e)    Por sua reconhecida competência, Gerlane, deve saber muito bem que eventos como festivais não se “suspendem”, isso em nome da continuidade e do desenvolvimento crescente, exigidos para sua consolidação; como falar credulamente que o FJG foi “suspenso” ?
f)    Como pretender o mínimo de credibilidade, Gerlane, quando se fala em “retomada em 2017”, sabido que será em outra legislatura e com outros possíveis protagonistas ? E mesmo que sejam os mesmos agentes , você pode garantir essa afirmação ? O Sr. Prefeito assina em baixo ?
g)    Você tem alguma desculpa plausível para explicar por que o Sr. Prefeito não assumiu a decisão que você, arriscadamente, assume ?
h)    Tenho a certeza absoluta que você conhece os critérios que norteiam relações custo/benefício de eventos dessa natureza, que envolvem aspectos subjetivos: como cultura, educação, arte; econômicos: como circulação e acesso a recursos externos, geração de empregos e renda e máxima capilaridade em aporte de despesas dos visitantes atraídos. Qual será a atividade em substituição a esvaziada ocupação de hotéis durante o Festival em 2016 que, conforme informe oficial da Prefeitura, atingiu 95% (noventa e cinco por cento) em sua última edição do Festival em 2015 ?
i)    Com o prejuízo decorrente da extinção do Festival, como ficam os empresários do comércio varejista, dos hotéis, restaurantes, pousadas, artesanato e até o moço da pipoca que, por sinal, até agora não deram o menor sinal de vida ? É simples acomodação ou temor de represálias ? Não merecem alguma satisfação e não deveriam ter sido ouvidos ?
j)    Sem desmerecer o Natal Luz que ficou muito bonito e é elogiável - e sem cabimento de qualquer comparação nessa questão - mas todos sabemos que Natal é festa de intimidade familiar; de aconchego dos parentes que sempre se reúnem nessa época; da revoada à casa paterna em busca do colo materno e o retorno telúrico ao rincão da infância. Ninguém faz o percurso inverso e sai do regaço da família para apreciar em terra estranha uma decoração natalina de rua por mais bonita que seja, nem para ouvir Aguinaldo Timóteo em uma noite na frente da Prefeitura. Por critérios subjetivos, foi ótimo para a população que se deleitou, mas onde fica a questão de custo/benefício como critério decisório, que buscaria a renda dos turistas e visitantes para justificar o investimento de um milhão de reais ?
k)     Ao final, reitero a pergunta que não quer calar! Os recursos aplicados nos festivais são despesas ou investimentos ? Não exigem planejamento, programação, avaliação, acompanhamento e monitoração ? Podem ficar ao arbítrio de decisões voluntariosas e irresponsáveis tomadas de última hora ? É normal se extinguir, a 40 (quarenta) dias do seu início, um festival consolidado ao longo de oito anos ?
Voltarei ao assunto, pois faltam ainda muitos aspectos a considerar e muitas dúvidas a esclarecer!