sábado, 4 de julho de 2015

É MUITA COISA SEM JUÍZO - EPISÓDIO 1

De algum tempo, tenho me preocupado muito com o que se passa em nossa nação. É possível que se passe também em outras paragens, mas essa é a terra em que vivemos e amamos. Parece que o bom senso, a lógica elementar, os princípios, a solidariedade, a tolerância, o respeito, a sensibilidade e o amor à natureza e às gentes se perderam em alguma galáxia e desapareceram da nossa vida. Estamos vivendo um tempo em que, no sempre sábio dito popular, “até vaca tá desconhecendo seu bezerro”. E isso ocorre assustadoramente em todos os segmentos e escalões da sociedade. Sou um velho beirando os 90 anos muito bem vividos e já assisti muita coisa e muita mudança conceitual, por força mesma da evolução natural, das transformações sociais e movimentos políticos. Todo o pouco que sei, colhi na vida, sem mestrados nem doutorados e continuo vendo e observando os fatos e sua natureza. E as insanidades acontecem em ritmo alucinante, numa sucessão desmensurada de insanidade mental, como se todos estivessem desvairando. Seria um tema inspirador para Saramago escrever um “Ensaio sobre a Loucura”, considerando sua disseminação no país.

Para não ser muito prolixo, vou tentar descrever o desvario por cada setor de atividade neste Brasil e vou tentar exemplificar as coisas a partir da paixão nacional: futebol, em face do que acabei de assistir e acompanhar pela imprensa o resultado da participação do Brasil na Copa América.
1.      A nação Brasileira, detentora de um Penta Campeonato Mundial, sofre em sua casa uma retumbante derrota de 7 a 1 da Alemanha na Copa do Mundo de 2014 e a máquina (ou máfia) oficial do futebol continua imperturbável como se nada tivesse acontecido e somente diante do clamor popular, muda o técnico e prossegue tudo com dantes. Convoca-se uma nova comissão técnica, comandada por especialista em chupar a própria língua que passou quatro anos desempregado e continua sem nunca ter sido técnico de nenhum clube brasileiro ou estrangeiro já que nenhum clube teve coragem de contratá-lo, salvo uma curta passagem pelo Internacional, e um Coordenador cuja conhecida profissão é a de Empresário de Jogadores de Futebol. Não dá para entender.

Essa dupla, depois de convocar, treinar e botar em campo uma seleção medíocre com participação de jogadores que ninguém tinha ouvido falar e alguns jogam em times que ninguém sabe sequer pronunciar os nomes. Poucos reclamaram ou contestarem, sobretudo a crônica esportiva, que em estranho conluio optaram pela leniência e omissão, salvo honrosas exceções. Só depois do desastre, é que surgem monstros sagrados da crônica esportiva, levantando restrições sobre a organização tática e técnica da seleção e convocação imerecida de alguns jogadores. É um contra senso total.

Impressionante é que, conforme a imprensa acaba de noticiar, um dos símbolos do esporte nacional sem o menor deslize profissional ou pessoal, o respeitado Zico, fez referência com justas razões ao evidente conflito de interesses oriundo da dualidade de Coordenador de nossa seleção e Empresário de Jogadores.

Foi suficiente para o Coordenador Gilmar fazer pose de ofendido, levantar dúvidas quanto a honorabilidade de Zico e tentar inverter os fatos ao ameaçá-lo com um processo na Justiça. Esse estilo do moço segue a escola que está se arraigando no Brasil na base da histriônica formulação de Stanislaw Ponte Preta: “Se todos são corruptos, estamos justificados e locupletemo-nos todos”. Lembro com mais precisão daquele personagem criado pelo saudoso Chico Anísio com o bordão de “Sou, mais quem não é ?”. Alegar a generalização da corrupção é honesto ?

Fizeram uma participação bisonha na Copa América ao deixar empatar o jogo com o Paraguai, na forma de um pênalti cometido por um zagueiro de seleção, em lance hilário, que serviu de charges imediatas o figurando como um jogador de volei dando uma cortada em plena grande área. Depois disse que “não me lembro de haver tocado a mão na bola!” Para coroar, na decisão do empate, dois penaltis desperdiçados de forma ridícula e o treinador Dunga declarando em entrevista coletiva de forma ridícula e irresponsável que substituíra Robinho porque estava cansado e àquela altura do jogo não estava pensando em cobrança de pênaltis.

Confissão de irresponsabilidade total de um técnico, sabido que em jogos chamados de mata-mata a decisão por pênaltis é uma inevitabilidade e todos treinam exaustivamente sua cobrança desde antes do jogo. Que estória da carochinha é essa? que jogadores de seleção são esses que não tem forma física para suportar os normais 90 minutos de uma partida ? E se não tinham condição física bastante, porque foram escalados e entraram em campo ? Como admitir que um técnico de uma seleção desconheça coisa tão elementar. É surrealismo puro.

Como se não bastasse, o Sr. Dunga confessou a sua incompetência e absoluto despreparo para a missão, quando completou a declaração à imprensa dizendo que “a experiência foi ótima para a seleção” (pelo visto, não bastaram os 7 a 1, nem o vexame da Copa América).

Pirou de vez e necessita urgente de uma intervenção psiquiátrica ou então considera o povo brasileiro como um aglomerado de imbecis.

Aí fica fácil entender a histórica e fantástica corrupção que há muitos anos domina o futebol brasileiro, tão forte que é protegida por uma notória “Bancada da Bola” no Congresso Nacional, denunciada corajosamente em plenário pelo surpreendente Senador Romário. Lembrem que uma CPI do Futebol foi arquivada por atuação dessa bancada. E para a CBF cair nas páginas policiais, foi precisa a ação do FBI que mantém preso em terras da Suiça o tal de Marin, ex-Presidente da CBF, sede do futebol mundial; fez o atual Presidente Del Nero, voltar às carreiras para o Brasil em pleno transcurso da Assembléia da Fifa; e o outro ex-Presidente Ricardo Teixeira abandonar às pressas os Estados Unidos onde estava residindo. Verdadeira debandada geral, salve-se quem puder.            

A sucessão dos episódios deixa transparecer que, para nossa tristeza e vergonha, a fantástica corrupção da FIFA, teve sua genetriz e também foi institucionalizada por influência da experiência brasileira na CBF, sabido que o brasileiro João Havelange foi Presidente da FIFA durante o curto (!) período de 24 anos até deixar em seu lugar o Joseph Blatter e na Presidência da CBF o seu genro Ricardo Teixeira. Daí começou a bandalheira que tomou conta do mundo inteiro. É muita coisa sem juízo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é construtivo.